Dori versão humana

Midiã Santana

Se o sorriso encanta, as covinhas dão um charme singular ao jeito espontâneo e meigo de Dri. A simplicidade que envolve essa garota de 19 anos, 1,65 cm, e que parla italiano, atrai as pessoas como se fosse um íma. Uma menina-mulher, que analisa cuidadosamente a forma certa de prender a flor de crochê no cabelo ondulado. A adolescente ingênua e um pouco maliciosa, adulta e ao mesmo tempo a fã do Shiryu, dos Cavaleiros do Zodíaco, e raramente a Driely Lago estressada.

A terra natal é Belém do Pará, mas ela vai além do Calypso e escuta diversos estilos, que vão da Asa de Águia até o Cordel do Fogo Encantado. Isso não significa que ela não goste de dançar música brega com a tia Cláudia, afinal a família tem sangue paraense e, assim como o axé é cotidiano dos baianos, o brega faz parte de suas vidas.

O contexto família é o seu preferido. Estar longe de suas raízes faz com que Dri sinta falta das coisas mais simples, como ganhar cafuné da avó e lavar o pátio da casa dela, ou até mesmo tomar sorvete no "eterno verão de Belém", como costuma dizer.

"Iiiihhh esqueci". A frase sai involuntariamente e, de tão natural que se tornou, compõe a marca dessa Dori versão humana que, por sinal, é um de seus personagens favoritos do filme Procurando Nemo. Será que é graças à identificação com o personagem? Não se sabe, mas é possível afirmar que o mal de Alzheimer chegou um pouco mais cedo nesse caso.

Com os amigos, a memória não falha nem um pouco, principalmente se for para lembrar de uma reunião no Bar Chuleta, que já é quase uma sede para os encontros do grupo. A senhorita Lago até já assassinou algumas aulas na Faculdade para poder estar com os amigos. Independente de ser uma estudante de jornalismo dedicada, ela tem que estar presente em todos os eventos possíveis para reportar a vida alheia, ironicamente o espírito jornalístico não se esconde nem nesses momentos, e Dri tem a necessidade de reproduzir aquilo que a ronda.

No perfil do Orkut, Driely usa a música do cantor Zeca Baleiro para se definir: “não sou maluco, nem sou careta, minha tribo sou eu”. Ela é o comum e o diferente, o tradicional e o novo, a típica paraense, mistura de raças, da loira, da índia e da morena, uma garota sapeca que gosta de comer açaí com farinha.