Uma estrelinha!

Por Daphne Carrera

Vive no mundo da lua, ou melhor, passeia pelas estrelas, algumas até foi buscar e transformou em desenhos sobre o corpo. Leva o nome de sua mãe de uma maneira diferente, tira-se o M da frente e torana-se ARYSA. Mas não é só o M, alguns miolos também parecem lhe faltar, conseguiu proezas que não são dignas de qualquer ser humano, perdeu quatro celulares em menos de um ano (sendo um de seu amigo), saiu várias vezes com a blusa ao avesso e já ficou “bêbada” com Fanta. Justifica-se dizendo “Tenho TDAH - Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade”, mas tem um porém não foi diagnosticada por um especialista e sim por um teste na internet onde marcou todas as opções. Com suas trapalhadas provoca risos intermináveis em seus amigos e registra sua marca.

Com um corte ousado, o cabelo intensamente negro é mais comprido do lado esquerdo, não sei se essa foi mais uma de suas incessantes dúvidas, pois é sempre muito indecisa, preferindo não tomar decisões quando está em grupo. Na hora de escolher a profissão não foi diferente, pensou em fazer medicina, letras, psicologia e acabou num curso de engenharia da computação, hoje com vinte anos faz o terceiro semestre de jornalismo na Faculdade Social da Bahia e desistiu da engenharia ainda no primeiro semestre. Diz que agora se encontrou e eu concordo, tem um jeito ímpar de escrever e seus textos são sempre maravilhosos. Não é para menos, ama Clarice Lispector, Fernando Pessoa e Drummond, e quando está na internet navega pelos textos dos mais variados escritores.

Essa mulher com feições de menina é magra de ruim, adora comer e prefere gastar seu dinheiro em guloseimas a qualquer outra coisa. Seu pai diz que ela é filho homem que nunca teve, pois adora futebol e o acompanha sempre que pode as partidas do time de coração que ambos compartilham, o Bahia. Também nunca teve frescuras em relação as roupas, fazendo um estilo básico gosta de se sentir bem, quase sempre está de calça jeans, blusa simples e sua sandália rasteira, odeia salto. Tem um olhar enigmático que ajuda a caracterizar seu jeito reservado em relação aos sentimentos. Chora sozinha e seu travesseiro é um dos confidentes mais fiéis. Quase sempre se transforma em um “travesseiro” para os amigos, sendo extremamente procurada nas horas de angústia, pois com seu jeito meigo tem sempre uma palavra amiga ou quando não sabe o que dizer tem sempre uma bala “para adoçar a vida”.

A paixão pela família está tatuada na pele, a inicial dos nomes: da irmã, da mãe, dela e do pai formam a palavra AMAR. Apesar de ter uma grande dificuldade para as demonstrações de afeto e carinho tem um coração que não cabe em si. É uma garota criativa e cheia das idéias, tranqüila até que pisem no seu calo, mas principalmente, irradia luz como uma verdadeira estrela.

"...quero cinqüenta coisas ao mesmo tempo.
anseio com uma angústia de fome de carne
o que não sei que seja -definidamente pelo indefinido..."

Fernando Pessoa - Álvaro de Campos