segunda-feira, 10 de setembro de 2007

Dez passos mato adentro!

Daphne Carrera


Querido Diário,

Hoje, finalmente, depois de 5 horas de viagem, cheguei na casa de praia de Tio Miltinho. Ao saltar do carro, esticar as pernas e respirar fundo, tive uma sensação esquisita, sentia cheiro de mato molhado e, ao mesmo tempo, ouvia o barulho do mar. Estava curiosa e fui logo abrindo o portão de madeira escura, que combinava com uma das duas casas que ficava no mesmo terreno. Fiquei meio zonza na mistura de estilos. Do lado direito, uma casa toda de vidro com móveis claros e paredes brancas que ofuscavam os olhos. Do lado esquerdo, uma casa mais singela, de estilo rústico, com tijolos à mostra e os móveis todos de madeira da mesma tonalidade, algo puxado para o mogno porém mais claro. Para o meu espanto, o que separava as duas casas era uma grande piscina com uma “ponte” que ligava uma casa à outra.

Porém, o que iria me chamar mais atenção ainda estava por vir. Passando o quintal, abaixando-me para não dar de cara com a rede de vôlei, eu me deparei com arbustos, árvores e plantas rasteiras. Se prestasse atenção, via-se um pequeno caminho por essa “mini floresta”. Depois de passar por ele, me esquivando de galhos, folhagens e machucando os pés em pequenos gravetos, dei de cara com um verdadeiro paraíso: uma praia linda com areia alva e a água do mar numa tonalidade de verde que eu nunca tinha visto. Fiquei ali paralisada, só observando... a praia parecia ter início e fim pois ficava entre duas grandes pedras como montanhas que escondiam o que estava atrás. Fui até o mar, mas só de encostar os pés na água meu corpo todo tremeu. A água era tão fria que eu, uma baianinha acostumada com nossas águas mornas, era capaz de congelar ali dentro. Não conseguia entender como os surfistas, tão distantes que quase não os via, conseguiam estar ali. Além deles não havia ninguém na água, na areia também não era diferente, havia poucas pessoas, talvez namoradas e amigos dos que estavam na água. Se olhasse para trás de onde eu tinha vindo, só se via mato, nem dava para imaginar que depois de uns dez passos adentro existiam casas habitadas.

Eu tinha chegado em Itamambuca, São Paulo.

2 comentários:

Aline Moita disse...

Dafne, adorei sua descrição. Me deu vontade de ir no lugar de tão lindo.

Leandro Colling disse...

muito bom, leva o leitor