Um santuário democrático

Uma cama com duas bonequinhas e uma colcha escrita “Driely”, feita pela vovó. Assim começa o meu quarto. Escrivaninha de aglomerado desgastada pelo tempo e pelos copos d’água que insistiam em ficar sobre ela durante as horas de estudo. Televisão de 29 polegadas totalmente desproporcional a pobre da escrivaninha que agüentaria no máximo uma de 14.

Meu guarda-roupa! Que maravilha é ele, tão bagunçado, mas uma bagunça onde acho tudo que preciso: basta jogar tudo no chão, pegar o que quero e colocar tudo lá dentro de novo. Maravilha é meu guarda-roupa... Maravilha meus acessórios, coisinhas de hippie, misturadas com coisinhas de “patricinha”, minhas bolsas que são predominantes na cor marrom ficam todas juntas, talvez seja a parte mais arrumada no quarto. Junto das bolsas tenho meus xodós: minhas boinas. De diversas cores, talvez por ser colecionadora, elas formam um arco-íris no meu entulho cheio de ácaros.

Tem muitas fotos no meu quarto também. Fotos da família, de amigos e as minhas fotos, as que fotografei com minha Canon que é parte mais que integrante do meu ninho. Ele tem mais duas outras partes integrantes, meu violão (Estrôncio, em homenagem ao elemento da tabela periódica) e meus patins (Tim, porque não tive outro nome para colocar).

A parte que merece destaque nesse quarto é, sem dúvida, o meu altar. Ele é um misto de religiões e extremamente democrático. Santa Rita, com uma tira da corda do Círio amarrada nos pés, faz par com um sapinho da sorte que tem uma moeda de cinco centavos na boca. As duas imagens de Santo Expedito se dão muito bem com a imagem de Oxum, discreta e de cor amarelo-ouro. Meus incensos, meu livrinho do Novo Testamento, minhas pedras de energia, meu terço. Juntos, justificam o título desse texto.