Maria Ísis
As pernas são curtas, se veste como menina: tênis, jeans e camiseta colorida. Nos dias de frio, usa casaco amarelo e gorrinho felpudo. Escreve no caderno da Minnie, mora com os pais e gosta de sopa. Tem mais de 30, ninguém diz. Faz 32 na sexta que vem. “Quase quarenta!”, exagera, como que para acostumar.
Seus olhos miúdos estão engolidos por lentes grossas: seis graus de miopia. Só zero-vírgula-cinco a mais que eu. O nariz lhe cai sisudo no meio do rosto de lua. Mas... faça ela sorrir. A paisagem muda. Some o vinco entre as sobrancelhas. Os lábios finos se esticam além das bochechas rosadas, numa linha convexa cada vez mais ascendente. Que vai sem ruído ao infinito. Riso contido.
“Você vai falar que meus cabelos estão estragados?”, pergunta, esgueirando-se pela fresta de vidro fumê, entre os azulejos. Vaidosa, pede para não falar também dos cabelos brancos. Uns dez fios, talvez, que em breve vai pintar de não-sei-ainda-que-cor. Três brincos em cada orelha, anéis, pulseira e uma certa hesitação típica de adolescente. “Rapaz, assim...”, começa explicando com a voz anasalada.
Fé em Deus, doutrina espírita e medalha de Nossa Senhora no pescoço: mais protegida impossível. De coração, vai muito bem, acompanhada. “Alguém verdadeiro que construa a vida ao meu lado, sabe?” Sei. Bem balzaquiana.
Márcia de Oliveira Barreto... errr... “Põe Márcia Barreto, meu nome artístico, que esse é muito grande, pesado e cansativo”. Tá. Na escola, o nome era comum. “Sempre tinha mais de cinco Márcias”. Hoje também. Cinco Márcias e mais uma cheia de segredos que não é certo contar, nem para ela mesma.
As pernas são curtas, se veste como menina: tênis, jeans e camiseta colorida. Nos dias de frio, usa casaco amarelo e gorrinho felpudo. Escreve no caderno da Minnie, mora com os pais e gosta de sopa. Tem mais de 30, ninguém diz. Faz 32 na sexta que vem. “Quase quarenta!”, exagera, como que para acostumar.
Seus olhos miúdos estão engolidos por lentes grossas: seis graus de miopia. Só zero-vírgula-cinco a mais que eu. O nariz lhe cai sisudo no meio do rosto de lua. Mas... faça ela sorrir. A paisagem muda. Some o vinco entre as sobrancelhas. Os lábios finos se esticam além das bochechas rosadas, numa linha convexa cada vez mais ascendente. Que vai sem ruído ao infinito. Riso contido.
“Você vai falar que meus cabelos estão estragados?”, pergunta, esgueirando-se pela fresta de vidro fumê, entre os azulejos. Vaidosa, pede para não falar também dos cabelos brancos. Uns dez fios, talvez, que em breve vai pintar de não-sei-ainda-que-cor. Três brincos em cada orelha, anéis, pulseira e uma certa hesitação típica de adolescente. “Rapaz, assim...”, começa explicando com a voz anasalada.
Fé em Deus, doutrina espírita e medalha de Nossa Senhora no pescoço: mais protegida impossível. De coração, vai muito bem, acompanhada. “Alguém verdadeiro que construa a vida ao meu lado, sabe?” Sei. Bem balzaquiana.
Márcia de Oliveira Barreto... errr... “Põe Márcia Barreto, meu nome artístico, que esse é muito grande, pesado e cansativo”. Tá. Na escola, o nome era comum. “Sempre tinha mais de cinco Márcias”. Hoje também. Cinco Márcias e mais uma cheia de segredos que não é certo contar, nem para ela mesma.
7 comentários:
Valeu Isis. Adorei!!!A minha cara realmente! BJS!!!!
HUM.....Pensei que você fosse colocar mais coisas.
Muito bacana essa descrição!Conheço pouco sobre Márcia e já deu para identificar logo de cara que era ela. Muito bem escrito e adorei o título!
Isis,
Adorei seu texto, suas descrições físicas dela ficaram perfeitas, não a conheço a não ser de vista e achei a cara dela...hauahuahua!!!
adorei o texto!!!
voc� soube a descrev�-la muito bem...a cara dela.
muito bom o texto, viram como a descrição pode render um texto bom de ler? parabéns
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