quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

sábado, 10 de novembro de 2007

Na Folha de hoje

ABI cria Salão do Jornalista Escritor

Entidade reunirá em São Paulo alguns dos mais conhecidos escritores do país

DA REPORTAGEM LOCAL

A ABI (Associação Brasileira de Imprensa) inaugura oficialmente na quarta-feira o 1º Salão Nacional do Jornalista Escritor, no Memorial da América Latina, em São Paulo -iniciativa que abrirá as comemorações do centenário da ABI, em 2008."A proposta é fazer um salão anual, uma vez em São Paulo e outra no Rio", explica o vice-presidente da entidade, Audálio Dantas, 78. "Hoje a produção de livros por jornalistas justifica um evento dessa natureza", que visa discutir "a questão do jornalismo e literatura. Já temos cadeiras de jornalismo literário em várias faculdades".O debate sobre o "jornalismo literário" se avoluma num momento em que a literatura está cada vez mais ausente dos jornais, observa Ruy Castro, 59, colunista da Folha: "Houve um tempo em que os jornais pululavam de grande crítica literária, folhetins, poemas, contos etc. E, na época, ninguém falava em "jornalismo literário". Hoje, falam tanto nisso e literatura, que é bom, não tem".Na opinião do jornalista Mauro Santayana, 75, esse distanciamento foi acompanhado por um declínio do texto jornalístico: "Na minha geração, o jornalismo era o caminho para os jovens que sonhavam com uma carreira literária. Por isso havia mais jornalistas-escritores que hoje". Com o tempo, a competição com a TV e a ênfase na lucratividade "reduziram o cuidado com o texto, a fim de privilegiar a urgência", até que os jornalistas "foram vencidos pela pausterização dos textos".Para Audálio, essa evolução no sentido de um noticiário mais rápido está ligada à necessidade de reduzir custos: "Na revista "Realidade", eu fiz uma matéria na qual demorei 45 dias só na pesquisa do assunto. O custo para se fazer uma publicação dessa natureza é alto".O escritor Ignácio de Loyola Brandão, 71, discorda: "A "Realidade" estava condenada pela censura, que de todos os lados cortava, vetava, proibia. Era uma das mais lidas e mais bem escritas revistas deste país -e a mais corajosa. Todos os seus temas eram polêmicos, provocativos. E era uma época que não admitia polêmica". Mas acrescenta: "Não sei se ela teria espaço hoje. Talvez fosse séria demais para um país como este. Era uma revista inteligente demais para o país suportar".

Tristeza

Pessoas, acabo de ler que Mailer morreu. aquele que ninguém de vcs leu no semestre, autor do impagável O super-homem vai ao supermercado. Aquele que escreveu um fluxo de consciência de um boi rumo ao abate dias antes de uma convenção em Chicago.

Um trecho memorável, digno de um mestre:

"Os animais transmitiam para trás um certa corrente psíquica ao longo do trilho suspenso - cada garganta ainda não cortada transferia seu grito de morte para a garganta ainda não cortada logo atrás, e aquela penúltima garganta aumentava ainda mais a voltagem, impelindo a corrente para trás e mais para trás ainda até impregnar com ela os gritos de todos os animais que pendiam de cabeça para baixo daquele trilho suspenso, a luz berrante das lâmpadas elétricas nuas nos olhos e no cérebro do animal, gorgolejos e horrendos sons cavernosos emitidos mais à frente pelo encantamento aberto da jugular cortada como se a morte fosse na verdade alguma corredeira no curso de algum rio subterrâneo, e o medo e a angústia absolutos dos animais agonizantes de cabeça para baixo mais adiante transferia-se para trás ao longo do cortejo, refanzendo todo o caminho de volta até os currais e os cercados, de volta até os trilhos do ramais onde os animais mais abarrotavam os vagões de carga, de volta até, quem sabe - tão alta poderia ser a voltagem psíquica do animal - de volta à fazenda onde foram embarcados no caminhão que os transportara até o trem."

quinta-feira, 1 de novembro de 2007

Para sempre professor...

Lembro-me do meu primeiro dia de aula na faculdade, bendita aula inaugural. Aqueles rostos novos e um pequeno medo, que não definiria como medo, ansiedade talvez. O fato é que sentada nas cadeiras mais próximas ao fundo, e já conversando com alguns novos colegas de classe, vi aquele rapaz loiro, com cabelinho arrumadinho e uma blusa azul que contrastava com a cor da pele. Mal sabia que aquele era Leandro Colling, meu novo professor de Técnica de Reportagem.
Com o tempo descobri que Leandro, ou Mr. Colling como aprendi mais tarde, não era um professor qualquer. Era uma mistura de rigidez, “pitis”, sinceridade, honestidade e perfeccionismo.
Nas nossas primeiras aulas aprendemos a fazer o famoso lead. E, em quase todos que eu fazia vinha a seguinte observação: ATA. Nossa! Eu vivia para ganhar um B nesse maldito lead. Até que já no fim do semestre, quando ele já devia estar com pena, ganhei um B que foi o suficiente para ganhar o dia. E o elogio que recebi na primeira reportagem que fiz para ele?!Fui ao céu e voltei quando ouvi ele dizer:

- Mas...precisa consertar isso e isso e isso...

Assim era minha relação com Leandro. Aprendi a admirá-lo por seu talento e profissionalismo, e respeitá-lo por suas críticas sempre bem feitas.

Sempre o via dessa forma, como alguém inatingível, o jornalista que “queria ser quando crescesse”. O pico do 1º semestre foi quando Leandro, no último dia de aula, pediu desculpas a turma pelo jeito “grosso” às vezes, e disse ser por causa de problemas pessoais, aí eu pensei, imagina ele sem nenhum estresse...deve ser show!E é!

Comprovei isso nesse 3º semestre quando peguei Redação III com ele. A matéria em si já tem um estilo descontraído, com Leandro ensinando de cabelo “espetado”, as aulas se tornaram as mais esperadas da semana, exceto quando tinha entrega de trabalhos.

Eis que chega a notícia que eu não esperava e muito menos desejava: Mr. Colling vai sair da faculdade. Pegou-me de surpresa e foi o suficiente para me deixar “cabisbaixa” o resto da semana.

Difícil não abusar dos clichês para falar dele. Meu exemplo, meu estímulo quando pensei seriamente em desistir, quem me dava força para fazer cada vez melhor e me mostrou que eu posso fazer melhor. Quem me ajudou a escolher um caminho a seguir. Assim é meu eterno professor, pois para sempre eu vou levar comigo tudo o que aprendi inclusive a fazer o trabalho a que fui designada a fazer:

- Se quiser ser repórter, SEJA repórter!

FÓRUM INTERNACIONAL

Queridos e queridas, vou estar em uma mesa do evento. Apareçam.


Evento em Salvador promove debate sobre mídia e democracia

Profissionais e pesquisadores da área confirmam presença no Fórum Internacional: Mídia Poder e Democracia

O Fórum Internacional: Mídia, Poder e Democracia reúne na capital baiana pesquisadores brasileiros e estrangeiros, profissionais, representantes do governo, organizações da sociedade civil do Brasil, América Latina e Europa. O evento ocorre nos dias 12, 13 e 14 de novembro, no Salão Atlântico do Hotel Tropical da Bahia, no Campo Grande. Durante os três dias de evento serão realizadas seis mesas-redondas com as temáticas: Mídia e Democracia no Brasil, Democracia e TV Pública, O Papel dos Observatórios de Mídia, Impactos da Mídia sobre a Democracia e a Política, A Sociedade Civil e a Democratização da Comunicação e Mídia e Eleições na América Latina.

Já estão confirmadas as presenças de pesquisadores como a filósofa e professora da Universidade de São Paulo (USP), Marilena Chauí; o cientista político, articulista da Carta Maior e professor da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UFRJ), Emir Sader; a presidente da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), Tereza Cruvinel; o diretor do Le Monde Diplomatique, Ignacio Ramonet, o presidente do Observatório Brasileiro de Mídia e professor da Universidade de São Paulo e Faculdade Cásper Líbero, Laurindo Leal Filho; o pesquisador colombiano e professor da Faculdade de Comunicação e Linguagem da Pontificia Universidad Javeriana em Bogotá, Camilo Tamayo.

O objetivo do Fórum Internacional: Mídia Poder e Democracia é promover o debate sobre sobre a atuação da mídia, suas relações com o poder e sua importância para a consolidação da democracia na atualidade. O Encontro tem como público-alvo pesquisadores, professores, estudantes universitários e cidadãos interessados no tema. As inscrições custam R$ 20 para estudantes e R$ 40 para profissionais e podem ser feitas na Fapex, ou nos dias do evento.

O Fórum é promovido pelo Centro de Estudos Multidisciplinares em Cultura (CULT), pelo Programa de Pós-Graduação em Cultura e Sociedade (PÓS-CULTURA) da Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia e pelo Observatório Brasileiro de Mídia / Media Watch Global. Maiores informações no site www.cult.ufba.br, pelo e-mail cult@ufba.br, ou telefone 71 3283 6198.

SERVIÇO - FÓRUM INTERNACIONAL: MÍDIA PODER E DEMOCRACIAINSCRIÇÕES

Valor: R$ 20 (estudantes) e R$ 40 (profissionais)

Local: FAPEX - Rua Caetano Moura, 140, Federação, de segunda a sexta, das 8h às 11h30 e das 13h30 às 17h (estudantes devem levar comprovante de matricula). Para pessoas residentes em outras cidades a inscrição pode ser feita via depósito bancário no Banco do Brasil, c/c 603.354-7, agência 3832-6 (a inscrição deve ser confirmada através do fax (71) 3183-8457, com comprovante de matricula em anexo).

Os certificados serão entregues durante o evento apenas para as pessoas que se inscreverem na Fapex até o dia 01 de novembro.

Maiores informações: (71) 3183-8460/8459

terça-feira, 23 de outubro de 2007

Atenção!!!

Pessoas ACM neto vai participar de uma palestra aqui na faculdade na sala 00 no mesmo dia de Imbassay. Pode acontecer um desconforto por causa dos espaços. Imbassay pode ficar aaborrecido por ter sido colocado naquela sala enquanto ACM neto esta no auditorio.

Outra coisa acabo de ficar sabendo que Leandro vai nos deixar! Estou muito triste! Perderemos um excelente professor!
Leandro fico feliz pelo seu sucesso lá fora. Desejo felicidade! Mas estou triste pq perderei um professor nota 10000000000.........................................
Fica C/ DEUS!

terça-feira, 16 de outubro de 2007

Minha análise sobre a tal "crise"

Escrevi um texto sobre a tal "crise na cultura" da Bahia. Interessados cliquem em http://observatorio.ultimosegundo.ig.com.br/artigos.asp?cod=455JDB006
Comentem, aqui e/ou lá. Mandei o texto para o A Tarde, mas até hoje não foi publicado.

Aproveito para avisar os turistas que amanhã (quarta, dia 17) todos devem ir no Café Com Prosa, a partir das 18h30min, na Sala de Arte de Cinema da Universidade Federal da Bahia (UFBA), no Pavilhão de Aulas do Canela. Vejam detalhes da programação em http://www.fsba.edu.br/

Próxima semana teremos semana acadêmica. Por isso, em sala, voltamos a nos ver dia 29, na entrevista com Imbassahy.

Entrevistas Confirmadas!

Olá Turma!

29/10 (segunda-feira) - Antônio José Imbassahy da Silva, ex-Prefeito de Salvador;

31/10 (quarta-feira) - Rita Batista - Jornalista, apresentadora da Tv Aratu e Rádio Metropóle.

domingo, 14 de outubro de 2007

O Centenário de Canô

POR DANUTTA RODRIGUES

Fazia sol. A manhã do dia 16 de Setembro de 2007 se anunciara repleta de luz e significados para uma das figuras mais ilustres do país. A celebração de mais um ano de vida para Dona Canô emocionou “Velosos”, “Silvas”, “Santos”, e todos aqueles que admiram e fazem parte da vida da mais nova centenária do Brasil. Nada mais característico para essa Senhora de estatura baixa, cabelos brancos, óculos de grau e uma vestimenta simples, na maioria das vezes de cor branca, do que a comemoração do seu aniversário numa igreja. E não podia ser outra: A Igreja de Nossa Senhora da Purificação. Rodeada pelos seus filhos naturais e emprestados, Dona Canô teve a grande emoção no seu dia, além de todas as quais já estava passando, que foi a presença da imagem de Nossa Senhora da Aparecida na missa de celebração do seu aniversário. Naquele momento Canô não podia pensar em mais nada, era tamanha a sensação de felicidade que transparecia no seu semblante calmo e ao mesmo tempo ansioso por todas as surpresas, que contagiou todos àqueles que tiveram a honra e o carinho de prestigiar a centenária mais famosa da Bahia e do Brasil. Ao ser perguntada sobre a receita de chegar a essa idade com tanta firmeza, a Senhora Veloso disse: “o segredo para chegar aos 100 anos é procurar ser feliz!”.
Gilberto Gil, Regina Case, entre outros famosos presentes na festa deram depoimentos sobre a importância dessa Senhora cheia de vida e de luz. Seus filhos Caetano e Bethânia, emocionados com mais uma primavera da sua mãe, também compunha o cenário do aniversário do ano, em que a estrela era Claudionor Viana Teles Veloso, a Dona Canô, dona de uma sabedoria carimbada pelos seus 100 anos de vida.

quinta-feira, 11 de outubro de 2007

Sobre Rita Batista:

A apresentadora e produtora Denise Magnavita assumiu a gerência comercial da Rádio Nova Salvador FM depois de atuar alguns anos na Metrópole. (http://www.bahiaja.com.br/noticia.php?idNoticia=2309 em 01/06/2007 ) Leva consigo para a emissora seu programa sobre comportamento que era apresentado na Metrópole com Rita Batista. A proposta de Denise é levar, consigo, a apresentadora da TV Aratu, mas, ainda não está definido.
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http://www.tvaratu.com.br/programas/aratunoticias1ed.asp
O Aratu Notícias tem como princípio o direito do telespectador à informação isenta e o jornalismo como instrumento de cidadania, através de uma cobertura imparcial dos fatos, sem distorções. O jornal se pauta pelos interesses da comunidade.
O Aratu Notícias 1ª edição mostra reportagens de utilidade pública e serviços, abordando temas como os direitos do consumidor, concursos, a questão ambiental e os serviços disponibilizados por órgãos públicos e instituições não governamentais. Com mais um diferencial: a arte. Cinema, teatro, música e artes visuais recebem apoio através da divulgação.
O Aratu Notícias 1ª Edição é exibido de segunda à sexta sob o comando de Rita Batista e Luana Brito
cantor sertanejo, Daniel, esteve nesta segunda (20) nos estúdios da Aratu e participou de entrevista no Aratu Notícias 1ª Edição, com a apresentadora Rita Batista,

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Aí vem elas: http://www.youtube.com/watch?v=M2XvIvyEPt0 na lista há alguns vídeos, inclusive, do jornal com Mário Kertesz.

Comunidade no orkut: http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=5414673

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Endereço da comunidade do orkut: Fãs de Rita Batista - http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=11288646

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

O domingo do sambão

Jaqueline Barreto



Domingo. Sol forte e brilhante. Aproximadamente às 15hs, acompanhada por minha irmã e minha colega, fomos curtir o domingão. O motivo da festa? Dançar aquele autêntico sambão. Depois de descermos uma ladeira, de assustar qualquer adepto dos esportes, chegamos lá. Minha irmã se assustou ao dar de cara com o lugar.

- Ai, meu deus aonde eu vim me enfiar! Que lugar é esse?

Era na verdade uma espécie de laje. Diferente dela, me sentir atraída pelo local. Afinal de contas, um sambinha tem tudo a ver com um espaço mais rústico, digamos, que mais popular.

- Relaxe! O que importa não é aparência física do lugar, e sim o clima da festa. Se você queria ir para uma festa socialite, quem mandou vim atrás de mim? Pestanejei, pois é de extrema imprudência uma pessoa opinar sobre algo, que na verdade não conhece ainda.

Na frente da casa do samba formava-se um aglomerado de homens em ritmo de muita cerveja e animação. Claro que ao lado dessa balbúrdia não poderia faltar um carro com som alto, do tipo “pagodão”. Todos estavam envoltos por uma áurea de intensa alegria e agitação. E como não poderia ser diferente, as coreografias mais típicas desse estilo musical, roubaram completamente a cena.

Corpos avantajados e fortes. Braços largos e repletos de músculos que demonstram o exercício físico constante. A platéia na sua maioria do universo masculino, fazia passos e mais passos, que nos remetiam a uma série de idéias exóticas. Todos estavam envolvidos pelo clima de bagunça e distração.

E ao entrar no lugar realmente do show, a mesma atmosfera continuara. Mesas de madeira, coqueiros, baiana vendendo acarajé, e um pequeno palco compunham a paisagem. Aquela sensação de calor humano e animação contaminavam completamente o ambiente. Todos envolvidos no ritmo da folia. Como de costume, rodas e mais rodas de samba se abriram para venerar a musicalidade do recôncavo baiano.

E no meio dança, a normalidade da festa foi por alguns minutos interrompida. Minha colega que estava mais pra lá do que pra cá, resolveu bancar a dançarina.

- Jaqueline, você já viu onde está Ana?

-Como assim?

-Olhe para o palco que você vai vê.

-Não acredito que ela teve essa coragem! Como pôde subir no palco e começar a dançar igual a uma dançarina de pagode?

-Essa Ana realmente não tem jeito!

Todos pararam para vê minha colega e o dançarino da banda com as maiores coreografias. As risadas foram tantas que eu e minha irmã quase que tivemos que ir ao banheiro. Não conseguíamos acreditar no que estávamos vendo. Foi realmente mais engraçado do qualquer piada ou qualquer encenação teatral. E assim deixamos que a cerveja gelada e aquele sambinha gostoso comandassem a nossa tarde de domingo.

Cem anos de história

Jaqueline Barreto

Cidade do recôncavo baiano. Arquitetura colonial. Ruas e paisagens que nos remetem à época do Brasil colônia. Na cidade de Santo Amaro, a 100 km de Salvador, uma aglomeração de pessoas se forma. Todos estão ansiosos para poder parabenizar e contemplar a matriarca da cidade. Pessoas de vários cantos do estado e das mais diversas classes sociais estão presentes na comemoração do centenário, da maior representante do recôncavo baiano, Dona Canô.

Artistas consagrados do estado como Gilberto Gil e Margaret Menezes marcaram presença. E como não poderia ser diferente, políticos de distintas agremiações partidárias, também foram prestigiar a mãe da família Veloso. Roupa branca, cabelos grisalhos, estatura baixa e aparência dócil avisam que a rainha da festa acabou de chegar.

Dona de uma serenidade singular e de um respeito invejável, a comemoração do centenário da representante do recôncavo baiano, simboliza um poço de história e cultura. Nascida em um local que há muito tempo foi referência da economia da região nordestina, sempre esteve preocupada em beneficiar a população local. Com cerca de aproximadamente 60 mil habitantes, Santo Amaro da Purificação tem muito que agradecer a velha Dona Canô. A revitalização do Rio Subaé e a construção de um teatro servem para demonstrar a garra e perseverança dessa mulher que carrega cem anos de história.

Na missa em sua homenagem aplausos e momentos de emoção não faltaram. A cerimônia comandada pelo arcebispo Dom Geraldo Magela, era uma mistura de fé e emoção. Sua filha e consagrada cantora, Maria Bethânia, não hesitou em lhe cantar uma música, repleta de carinho e emoção. Todos estavam envolvidos por um clima de contemplação e alegria. Afinal de contas, a comemoração de cem anos de vida é para alguns poucos guerreiros.

Medo do desconhecido

Andréa Silva

Em janeiro de 1980 eu ainda era uma menina.Garotinha do tipo atrevida, rostopintado de sardas, nariz empinado, e uma boca miúda incapaz de esconder osdentes pulados para fora, como os de coelho. O cabelo parecia tirado deespiga de milho - era o que diziam as minhas amigas.Meu corpo era magrelo,fiquei assim até os dez anos. Depois da adolescência, não tive mais o prazerde exibir um físico impecavelmente esguio.Os médicos costumam dizer que ascélulas gordurosas têm memória, eu acho que eles estão certos.Quando entreino final da adolescência comecei a engordar e passei a entender o que é otal efeito sanfona; engorda e emagrece, culpa da memória das minhas,famigeradas células adiposas. Mas tudo bem, os meus quase 35 anos detrajetória de vida, acumulam valores muito mais importantes do que aestética "perfeita".
Considero a simplicidade um dos mais ricos ensinamentos que recebi lá emcasa. Ah! Quanta saudade da minha casa! São as minhas raízes que me engrandecem.
Eu nasci em Itabuna, cidade do sul da Bahia, que ficou conhecida a partirdos anos cinqüenta, no Brasil e no mundo, por causa da produção de cacau, fruto de ouro, símbolo de riqueza e poder. Até meados da década de oitenta,Itabuna foi a maior exportadora de cacau do país. Toneladas de sacas comsementes saiam dos armazéns para vários países da Europa.
Na década de oitenta, o surgimento de uma praga agrícola, chamada "Vassoura deBruxa", destruiu quase toda a produtividade da região cacaueira. A doença ataca a flor do cacau, de onde nasce a fruta. A Vassoura de Bruxa se espalha com muita rapidez, e, por isso, milhares de pésde cacau tiveram que ser destruídos. Plantações inteiras foram dizimadas. As árvores eram incineradas na tentativa de matar a doença. A mais recentetécnica usada para recuperar a produtividade é a chamada clonagem de cacau.Os agrônomos fazem enxertos para nascer brotos resistentes à doença.
Meus avós maternos foram empregados de uma fazenda de cacau até o ano de1965. Vovô Sergipe - era assim que chamávamos o velho Ariovaldo Dantas - cuidava da plantação e dos animais. Em troca, ganhava alguns tostões, além defrutas e hortaliças que podia vender na feira da cidade mais próxima, nosfins de semana. As barracas montadas nas feiras garantem parte do sustento demuitas famílias na zona rural. Em Itabuna, cada bairro tem uma feira livre. A maioria funciona aos sábados e domingos. Os vendedores saem das fazendascom suas mercadorias na sexta-feira, à tardinha. Normalmente, toda a família viaja junta. Na "cidade grande" negocia-se alimentos para complementar a renda mensal.
Sou a filha do meio de uma família de três irmãos. Fui criada no bairro daMangabinha - sempre achei esse nome feio, mas me agrada saber que o bairro foi batizado assim por causa dos pés de mangaba. Eram muitos - nas esquinas, na praça do mercado e até nas ladeiras. A mangaba é uma frutinha doce que cai fácil da árvore, de porte médio, generosa na oferta de sombra. Os hectares de área verde sempre foram um destaque no bairro onde vivem famílias de classe média e pobre.
No ano de 1980, a Mangabinha, que sempreteve pouco prestígio entre as localidades da periferia da cidade, passou a ser o bairro mais próximo do aeroporto, o primeiro naquela região. Ter uma pista para pouso de aviões e helicópteros foi um marco no crescimento da região cacaueira. Durante duas semanas, carros de som circularam pelas ruasc onvidando as famílias para a festa de inauguração do aeroporto. Nas rádios - aliás, o rádio sempre foi o veículo de comunicação mais atuante no interior da Bahia, nesta época quatro emissoras funcionava em Itabuna e eu já acompanhava os programas com um gosto especial pela comunicação - os radialistas entrevistavam as autoridades responsáveis pelo aeroporto e divulgavam a programação do primeiro dia de pousos e decolagens. Nós ouvíamosaquelas notícias com muita expectativa.
Lembro-me do domingo de sol forte, estávamos no verão com temperaturas de até 32 graus. Entretanto, nada impediu a nossa peregrinação até o aeroporto. Era o dia da grande festa de abertura, a tão esperada inauguração. Uma trilha, dentro de uma reserva de Mata Atlântica, separava o bairro da Mangabinha doAeroporto Tertuliano Guedes de Pinho. Caminhamos cerca de quarenta minutos para ver um avião de perto, pela primeira vez. Naquele momento minha imaginação de menina foi longe: Como seria bom voar naquele "troço" enorme, que tinha asas como os pássaros, pensei.
Passei parte da infância e toda a adolescência vendo monomotores, bimotores e de vez em quando um avião maiorzinho no céu. Os grandes faziam um barulho insuportável e ao mesmo tempo agradável aos meus ouvidos. Eu olhava os aviões se perderem no horizonte e imaginava quem estava lá dentro. Só poderiaser gente "bacana" das terras do cacau. A maioria dos vôos que desciam emItabuna tinha como destino Salvador, São Paulo e Rio de Janeiro.
Só quatorze anos depois que vi um avião pela primeira vez, tive aoportunidade de viajar em um deles e me sentir uma daquelas "bacanas" que povoavam a minha imaginação. Eu já não era mais uma menina. Há um ano, tinha saído de casa para morar em Salvador e trabalhar como repórter. Na capital tive o meu segundo emprego, a primeira experiência foi na TV Cabrália, onde trabalhei durante nove meses. Entrei nessa área por acaso, quando termineio curso de letras na UESC (Universidade Estadual de Santa Cruz). Precisava trabalhar e não estava conseguindo nada nas escolas. Uma amiga me disse para entregar um currículo na TV. Marta me convenceu dizendo que eles contratavam pessoas com nível superior, para auxiliar a produção. Arrisquei e deu certo. Fiz o curso técnico de radialista, para não ficar clandestina na nova profissão.
Com um ano de reportagem, mesmo ainda sendo "foca", fui convidada para fazer parte da equipe da TV Itapoan, na época, retransmissora do SBT (SistemaBrasileiro de Televisão). Até 1997 a TV Itapoan, retransmitiu a programaçãoda emissora paulista. Hoje, o sinal é da Rede Record de Televisão, tambémcom sede em São Paulo.
Com poucos meses no novo emprego fui incluída na lista de profissionais que eram encaminhados à São Paulo, para passar um período no SBT. Uma espécie de reciclagem, que, no meu caso, funcionou muito mais como estágio.
A viagem foi anunciada pelo chefe de reportagem. Lembro-me que ele me entregou as passagens e fez milhões de recomendações. Pela expressão despreocupação e o tom de voz, muito calmo e repetitivo, o chefe deve ter ficado inseguro com a minha ida para São Paulo. "Será que essa moça vai nos representar bem, mesmo com pouca experiência?" ele deve ter se perguntado.
Ouvi todo aquele discurso em silêncio e tentando disfarçar a minha ansiedade. Eu estava apressada, queria voltar para casa e preparar as malas. Será que era um sonho?! Ir para São Paulo! Meu Deus, como será aquele lugar? Milhões de pensamentos me atormentavam. Uma papa-jaca (quem nasce em Itabunaé Itabunense ou Grapiúna, mas somos chamados de papa-jacas por adorar afruta, que também é típica daquela região - as jaqueiras eram plantadas paradar sombra ao cacau, que não é resistente ao sol forte) na maior cidade brasileira? Nossa, parecia mentira!
O grande dia chegou, só então eu percebi que estava nervosa. Acordei antes das seis da manhã. O vôo estava marcado para as 10 hrs. Por volta das oito,chamei um táxi. O motorista era um velho conhecido que ficava na esquina darua onde eu morava, à espera de clientes. A caminho do aeroporto de Salvador, que ainda se chamava Aeroporto Internacional Dois de Julho, senti as mãos frias, uma certa apreensão. Eu estava tão ansiosa que não conseguia nem conversar com o motorista, bem diferente das outras vezes em que precisei dos serviços dele. Aquele homem deve ter pensado que eu estava indo viajar por um motivo nada agradável. Ele chegou a me perguntar se eu ia visitar algum parente. Só não teve coragem de questionar se era alguém doente. Não deu para entrar em detalhes naquela hora: fui monossilábica, apenas disse"não".
Às dez em ponto, eu estava entrando no avião da Transbrasil, uma companhia aérea que durante muito tempo se destacou na aviação brasileira. A empresa posteriormente teve problemas financeiros. Dívidas, falta de crédito eo surgimento de novas companhias aéreas, sem passivo, provocaram a falênciada Transbrasil. Em dezembro de 2001, os aviões da empresa deixaram de voar.Eu ainda tive o prazer de viajar em uma aeronave luxuosa e grande. Muito maior do que os aviões que víamos no aeroporto de Itabuna.
Sentei mais ou menos no meio do Boeing 737. Ao meu lado, na janelinha, estava uma senhora. Com um sorriso largo e uma voz mansa ela me cumprimentou carinhosamente. Respondi com educação. Até fiquei contente em ter aquela mulher ao meu lado. Trouxe-me uma certa tranqüilidade, pelo menos naquele momento. Quando todos os passageiros já estavam acomodados, vi que a mulher colocou o cinto de segurança e me olhou como se quisesse dizer para fazer a mesma coisa. Ainda bem que foi fácil repetir o gesto de atar os cintos.
A decolagem do avião deixou minhas mãos suadas e frias, não tive coragem de olhar pela janela aberta. Nuvens passavam numa velocidade estúpida. Virei o rosto na direção do corredor e fiquei calada sentindo um frio na barriga, muito pior do que quando andei de roda gigante pela primeira vez. Ainda bem que a mulher ao meu lado não puxou conversa. Dentro daquele avião, eu nem imaginava que o pior estava por vir. E não foi uma turbulência que me colocou em situação de vexame nas alturas.
Já estávamos com uns quarenta minutos de vôo. As comissárias de bordo (ou são aeromoças? acho mais simpático) começaram a se movimentar com um carrinho levando bebidas e uma pilha de copos descartáveis. Quando chegaram perto de mim, uma delas perguntou o que eu queria beber. Pedi um suco. "Pois não!" disse a simpática mulher usando uniforme, com cabelos presos, e rosto muito bem maquiado. A aeromoça me entregou, junto com o suco, uma bandejinha com umas divisórias que pareciam marmitas descartáveis. Eu esperava receber apenas o suco. E agora? pensei. Fiquei com a bandeja no colo, com o suco em uma das mãos, sem saber onde colocar tudo aquilo.
A minha companheira de assento também recebeu a tal bandejinha. Ela agradeceu a aeromoça. As duas trocaram olhares. Foi sobre a minha inabilidade, tive certeza. Mas não entendi o porque.
A explicação surgiu como gesto da mulher que abriu a mesinha e colocou a bandeja no lugar certo. Fiz a mesma coisa, mas não tive coragem de dizer uma palavra sequer.
A vigem chegou ao fim no Aeroporto Internacional de Guarulhos, na grande SãoPaulo. Eu estava tão envergonhada que apenas disse muito obrigada e até logo para a mulher que não sei nem o nome. Incrível, mas só ouvimos a voz uma da outra quando dissemos bom dia, ainda em Salvador. Sair daquele avião parecia o fim de um pesadelo, mas ainda passei por outras provações na maior metrópole brasileira, a terceira maior cidade do mundo perdendo apenas para New York e Cidade do México. São Paulo parecia aindamais gigantesca aos meus olhos.
Andando no aeroporto, puxando uma mala, eu procurava um táxi. Do lado de fora vi muitos carros com faixa na lateral e letreiro luminoso no teto. Eu caminhava em direção a um deles quando um homem bem vestido e falante, do tipo paulista esbanjando classe e educação, me perguntou se eu queria um táxi. Eu disse que sim e o motorista logo pegou a minha mala. Segui o homem até o estacionamento. Eu estava tão encantada e curiosa com toda a grandeza daquele lugar, que nem percebi que o local onde o carro estava não tinha fila de táxi, era um estacionamento comum. Entrei num luxuoso Tempra, com arcondicionado e som ambiente. O motorista perguntou para onde iríamos, jádando partida, como se não quisesse dar tempo para que eu desistisse dacorrida. Meio sem graça e com medo eu disse que queria ir para a RuaAugusta, centro de São Paulo. "Pois não, logo estaremos lá", respondeu otaxista. Comecei a procurara o taxímetro dentro do carro, não encontrei nenhum indício. Foi então que percebi que estava num táxi clandestino. Que roubada.
Maldita premonição do chefe que ficou em Salvador. Uma caipira em São Paulosó ia dar vexame mesmo. São Paulo tem cerca de 35 mil táxis autorizados pela Secretaria de Transportes da Prefeitura, mas eu entrei justamente num clandestino. Ainda bem que o motorista não era "ladrão", talvez um"bandido". Rodamos cerca de uma hora e meia, até chegar ao hotel onde minha reserva foi feita. O trajeto normalmente se faz em 40 minutos, quando não há transito, e não existia congestionamento naquela hora. No caminho o motorista puxou conversa, eu não tive como responder de tanto nervosismo. Passamos por várias e movimentadas avenidas, prédios gigantes, casasluxuosas...Na esquina da Augusta com a Alameda Franca o motorista me disse que estávamos perto. Que perto que nada, ainda rodamos uns vinte minutos. Passamos pela avenida Paulista, Consolação, Centro Velho, até que entramos novamente na Augusta. À aquela altura, o tal motorista já tinha perdido toda a sua elegância, pelo menos na minha avaliação. Um homem tão educado, como poderia ser um enganador profissional? Porque ele não disse a verdade? eu me perguntava. Até os meus pensamentos estavam tomados pela ingenuidade. Imaginase o tal motorista ia se aproximar e dizer:
- Bom dia! Sou dono de um táxi clandestino, a senhorita precisa de um agora?
Quando vi que estávamos na porta do hotel senti uma alívio, acho que nunca tinha experimentado tamanha sensação. Aquela horrorosa situação chegara ao fim. O dono do carro me disse, todo sorridente, chegamos, este é o hotel Brasilton. Como se não bastasse tudo o que já tinha feito, ele ainda me provocou com aquela conversa. O letreiro do hotel era imenso, de longe eu já tinha visto. Tive vontade de dizer a ele que ingenuidade deixa a gente burra, mas não cega.
Só quando percebi que estava a salvo tive uma atitude firme. Abri a porta do carro e irritada perguntei:
- Quanto foi a corrida? O senhor não tem taxímetro para deixar transparentes os seus serviços.
- Baratinho! O cínico ainda teve a coragem de dizer.
Paguei, em valores atuais, cerca de R$ 200,00 por uma corrida que sairia por R$ 130,00, no máximo.
Entreguei o dinheiro e disse ao cara que ele tinha me enganado. No mesmoinstante pensei: poderia ter sido pior.
O cara de pau do motorista sorriu e me desejou um bom dia. Tive vontade dechamar a polícia, mas faltou coragem.
Saí do táxi aliviada, aquela situação poderia ter sido pior. Duzentos reais não representam nada diante do que poderia ter acontecido. Foi o preço de uma lição, para nunca mais esquecer.

terça-feira, 9 de outubro de 2007

Entrevistas confirmadas!

17/10 (quarta-feira) - Rita Batista - Jornalista, apresentadora da Tv Aratu e Rádio Metropóle;
22/10 (segunda-feira) - Antônio José Imbassahy da Silva, ex-Prefeito de Salvador.
Obs.: 15/10 (segunda-feira) - José Medrado, Centro Espírita Cidade da Luz (a confirmar até o dia 10/10).

Perfil- Marcelo Prado

Gente,
Eu consegui falar com Marcelo Prado, comentarista esportivo e deficiente visual .. Ele aceitou e caso a turma concorde eu fiquei de retornar amanhã para confirmar com ele... No caso, seria para o dia 15 as 18h20 ? Se não concordarem, ou conseguirem confirmar os que foram votados ontem me diga também..

espero um retorno da turma!
beijos

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

Metamorfose ambulante

Jaqueline Barreto

Cabelos castanhos e longos. Taís Bitencourt com seus aproximadamente 1,50m e olhos cor de mel lembra uma geração de muito Rock in Roll e adrenalina. De estatura baixa e corpo um pouco franzino, é adepta do guarda-roupa mais despojado. A velha calça jeans e umas blusinhas básicas, de preferência pretas, compõem o seu vestuário. Batom, sombra, sapato alto e acessórios femininos não fazem parte do cotidiano, dessa garota, que com 20 anos, defende um estilo de vida mais alternativo. O famoso jeitinho largado.

Dona de uma voz suave e uma aparência meiga, não esconde seu caráter eclético e diversificado. Passear pelos mais diversos ambientes sociais, é algo comum no dia-dia de uma pessoa que está em momento de descoberta pessoal. Cinema, Shopping Center, baladas e boates compõem os cenários percorridos pela garota pós-moderna. Identidade fixa e estável, não faz parte de uma vida marcada pela transitoriedade e mutação constante. O ser e não ser comandam o jogo.

Apesar de ter contato com pessoas das mais variadas origens e personalidades, afirma que o tipo patricinha, não lhe agrada muito. “Falo com todo mundo, só que tenho que assumir que não tenho muita afinidade pelas patricinhas”, destaca Taís, que através de um leve sorriso no rosto, e querendo passar uma imagem de democrática, assegura não ser contra esse tipo de garota.

Na hora de ouvi uma música o rock rouba a cena. Não importa se é nacional ou internacional o que interessa mesmo é ouvi as batidas da bateria. Pitty, Eve Lavine, Cássia Eller e Link Park, são suas opções preferidas. E regada a músicas agitadas e barulhentas, nada melhor do que comer uma bela lasanha. Se pudesse sempre teria a mesa recheada pelos pratos italianos. Se empanzinar de massa nunca é demais. Afinal de contas, quem não tem problema com os quilinhos a mais, pode abusar e aproveitar das delícias italianas. E assim continua Taís... Uma autêntica adolescente em sua fase de descoberta e transformação.

ATENÇÃO - URGENTE

PESSOAS, AINDA NÃO TEMOS ENTREVISTAS CONFIRMADAS. ASSIM, TODO NOSSO CALENDÁRIO VAI ATRASAR!!! A TURMA PRECISA RESOLVER ISSO LOGO.

LEANDRO

Entrevista - Não confirmada - Riachão

Olá turma!

Infelizmente Riachão está indo para a Europa amanhã, logo, não será possível a entrevista com ele.
Estou tentando falar com Paquito.

Andréa Silva

domingo, 7 de outubro de 2007

MAIS UM DIA QUE PASSA

POR LÍVIA MELO


São seis da manhã, sol iluminando todo o quarto com claridade impossível de continuar dormindo, abro o olho e logo começa a agonia do dia- a – dia. Tomar banho, café da manhã, se arrumar pra mais um dia, rotina constante. Às 06:30 tudo tem que estar pronto, deixo minha filha na escola, às vezes o marido no trabalho e saiu pra resolver minha vida. Todos têm que estar às sete horas em ponto nos seus devidos lugares, afinal chegar atrasado a aula ou ao trabalho não dá.

Às oito da manhã sou liberada para chegar a casa de minha mãe, leva-la ao mercado e ter paciência em passear por todas aquelas prateleiras olhando preços e ajudando nas compras. O mercado leva umas duas horas e meia e mesmo assim por eu tentar agilizar alguma coisa. Chegando a casa dela o tempo só sobra pra descarregar as compras, colando mais ou menos meia hora, porque ir a casa da mãe e não entrar seria um insulto, as queixas que filho hoje em dia não tem tempo pra nada é constante, mais se ela soubesse o corre- corre....

Quase meio dia, enfrentar outro percurso, pegar o marido no trabalho, filho na escola, em casa a comida já pronta é só esquentar, em fração de segundos um rápido banho, o banheiro nestas horas é o mais disputado. Conseguindo quase engolir a comida, já são exatamente 13:30 caminhando para as duas horas, corro para pegar uma carona. Agora os papeis se invertem, vou com ele até o trabalho, desço o plano inclinado do pelourinho e vou pra faculdade, tudo isso devido a periculosidade que se tornou o bairro que moro, andar só é sinônimo de assalto, então é necessário sairmos juntos e aproveitar a carona. Com esse tempo que me sobra até a hora da aula, aproveito pra colocar em dias meus trabalhos, Das 14:30 às 18:20 a biblioteca é meu lugar preferido pra pensar e organizar pesquisas e outros.

18:20 começa mais um dia de aula, quase sem pausa para um lanche, permanecer na faculdade até umas 10:40 isso é quase todos os dias, exceto segunda que tenho aula até às 20:00 horas e sexta que não tenho aula. Pego o ônibus rumo a minha casa, chegando por volta das 23:40, cansada tomo um banho e o sono é o que me consome, assim termina um dia cheio de atribulações, mais um dia que passa.

sábado, 6 de outubro de 2007

Sobre a Revista piauí

Olá pessoas. Leiam o texto no site http://observatorio.ultimosegundo.ig.com.br/artigos.asp?cod=453IMQ006

Trata sobre a revista piauí, que está complentando um ano de vida e sucesso.

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

Entrevista ainda não confirmada

Sobre o perfil

Estou postando para avisar que ainda não consegui a pessoa que precisamos para entrevistar. Peço desculpas a todos, mas tentarei até sábado. Caso eu não consiga mesmo, posto novamente para avisar no sábado à noite.

Tâmara

segunda-feira, 1 de outubro de 2007

O cheiro do descaso

Andréa Silva

Um homem negro de estatura mediana, físico magro, mas com músculos visíveis por trás do uniforme de segurança. Na cabeça, um boné com a aba baixa, como se quisesse esconder o rosto. Nem precisava tamanha preocupação. As máscaras cirúrgicas, uma sobreposta a outra, deixaram à mostra apenas os olhos do vigilante que, por trás de uma vidraça, não foram capazes de revelar muita coisa.

O homem, que nega dizer o próprio nome, é funcionário do setor de Emergência do Hospital Roberto Santos, o maior hospital público de Salvador, mantido pelo governo do Estado. Lá são atendidos pacientes da capital e de várias cidades do interior. Naquela manhã de sexta-feira só se ouvia a voz do servidor público em tom de formalidade e intolerância.

- Não tenho autorização para deixar vocês entrarem, nem para ir até o balcão. A direção do hospital não permite. - diz o vigilante aos jornalistas que se apertam por trás da porta de metal com frestas de vidro.Repórteres seguram blocos de anotação, máquinas fotográficas, microfones e câmeras de televisão.

A denúncia de superlotação no setor de emergência do Roberto Santos, divulgada nos noticiários de TV exibidos nas primeiras horas da manhã, atraiu os principais veículos de comunicação de massa que retratam o cotidiano da terceira maior capital do país. Em Salvador, hoje funcionam apenas dois hospitais de grande porte capazes de atender a várias especialidades médicas, além de casos mais complexos e situações de urgência.

A Emergência do Roberto Santos, no bairro do Cabula, periferia de Salvador, tem capacidade para 75 pessoas. Na noite de quinta-feira, a direção médica calculou mais de 140 pacientes. Os primeiros a chegar conseguiram ocupar os leitos mantidos para observação dos doentes. Outros foram colocados em macas nos corredores do hospital.

Cada vez que a porta que dá acesso ao ambulatório se abria, mesmo se fechando segundos depois, era possível ver uma certa correria de enfermeiros e médicos.Muitos usavam mais de uma máscara cirúrgica.

Alguns acompanhantes dos pacientes também usavam máscaras e se comunicavam com os jornalistas através de gestos negativos. Em pouco tempo começamos a ouvir depoimentos assustadores.

- Meu pai tem 73 anos e está internado ai dentro há cinco dias. Ele chegou sentindo dores e precisa ser operado, até agora ele só foi medicado. Não fizeram nem um exame, diz o comerciante João Batista Brandão. Visivelmente abatido, com olheiras que parecem tomar toda a face, João Batista tira do bolso uma máscara cirúrgica que -Preciso disso quando passar por aquela porta entrando nos corredores da emergência. Lá dentro o odor é insuportável, tem um cheiro de coisa podre, desabafa o comerciante.



- Mas de onde vem esse mau cheiro? - pergunto ao homem com a certeza de que estava diante de fonte confiável, principalmente pela naturalidade como descrevia os fatos.

- No lugar onde o meu pai está têm várias pessoas com feridas abertas. Gente precisando amputar membros. Tem uma mulher que vai morrer, a perna dela está escura e o osso exposto. Hoje uma enfermeira tirou o curativo de um senhor que tem uma ferida grande no pé, vimos um líquido escorrer sem parar -.

- O senhor sabe porque essas pessoas não estão sendo atendidas? - pergunto, tentando descobrir porque aquele clima no hospital.

- Estão dizendo lá dentro que não tem cirurgião nem anestesista, eles não estão trabalhando porque não receberam salário.

Naquele momento, o tom de voz do comerciante era de indignação e revolta. Sentimentos compartilhados entre as dezenas das pessoas que voltavam para casa sem atendimento.

A dona de casa Maria de Lurdes saiu de Mar Grande, na Baía de Todos os Santos, com fortes dores no abdômen. Amparada por uma sobrinha, não passou pela triagem feita pelos recepcionistas.

- Eles disseram para procurar outro hospital, por falta de vaga. Só estão atendendo casos mais graves. Mas o caso dela é grave e não vou voltar para casa com minha tia sofrendo assim. Vou tentar outro lugar.

A jovem estudante caminha lentamente amparando a tia à procura de um táxi.

Num outro ponto da cidade, enquanto esperava a abertura de um evento oficial, o secretário de Saúde do estado, Jorge Solla tentava explicar, calmamente, o que não considerou um caos.

- Aquele é um hospital público e, por isso, é normal fazer triagem. Um paciente com mal estar simples pode procurar outro lugar. E, além do mais, novos profissionais da área médica estão sendo treinados para fazer parte do quadro de funcionários do Roberto Santos.

Enquanto o número de médicos e outros profissionais não muda, dezenas de pessoas são obrigadas a voltar para casa sem atendimento. Homens, mulheres pacientes idosos sentindo dores muito mais intensas do que os males físicos. Cada uma daquelas pessoas passou a ter impregnado no nariz o cheiro de descaso que incomoda igual a uma ferida aberta.


sexta-feira, 28 de setembro de 2007

Sexta-feira

Helane Carine Aragão.

Bosta de fluxo de consciência! Saco. Bosta, bosta, bosta! Minha mãe me disse que estou com o palavreado muito chulo. Vivo falando saco. Não sei sobre quem escrever, nem sobre o que falar. Ontem fui a uma entrevista de trabalho.

Novo trabalho. O terceiro em dois meses. Fazer o quê? Estou assim, vulnerável. Quem me indicou foi Paloma. Joguei o valor do serviço lá para cima na esperança que ele me recusasse. Ledo engano.

Acordei cedo e fui. Terninho preto, cabelo preso, tudo dentro dos padrões daquelas baboseiras que te dizem como fazer e como agir numa entrevista de trabalho. Não acredito em nada disso, e sei que nem quem fala acredita. Se o entrevistador for com a sua cara, ótimo! Se não, reze para ser aceito na próxima oportunidade.

Então. O cara me deixou esperando cerca de uma hora. Quinta-feira, nem estava com vontade de trabalhar mesmo! Lá fiquei. Enfim, Paloma disse: “Ele mandou você entrar”. Entrei. Entrei e desandei a falar. Ele logo me perguntou se eu era arquivista. Pensei: “Meus pais estão me pagando a segunda faculdade para eu assumir que sou apenas arquivista, pelo amor de Deus!”, disse que não. Discorri sobre minha vida com tanta energia que o cara ficou pasmo, me olhando. Pela cabeça devia estar passando: “Dou logo o emprego a esta criatura e me livro deste falatório”.

Entrou um senhor gordo, muito gordo, sala à dentro. Estava cheio de processos nos braços. Enquanto o cara atendia a ligação ao telefone, o gordo puxou minha mão e a beijou. Eca! Quase vomitei. Era advogado, eu acho. Se não era, carregava consigo um broche da OAB. Perguntou meu nome, eu disse. Perguntou como eu estava, respondi que bem. Por educação, retribuí a pergunta. Ele disse que a manhã dele acabara de se tornar melhor. Nos olhos, vi uma chama de fogo, e ardia. Claro! Na “cabecinha” ele arquitetou um encontro sórdido comigo. “Eca!” De novo.

Enfim, o cara mandou eu fazer um orçamento. Como assim orçamento? Paloma tomou a frente e chutou o preço. Ele fez cara de paisagem. Claro! Ele pensou: “Diante daquela bagunça que ela vai enfrentar, por este valor que ela está pedindo, ainda saio no lucro”! Saí e fui no arquivo ver o que me aguardava. Otário. Ou melhor, otária, eu! Se eu houvesse cobrado o dobro, ele pagaria. Nada de assustar. Umas trinta caixas arquivos, previamente separadas, muito empoeiradas. Eu disse que começaria naquela mesma hora. Coloquei a bolsa no ombro e fui ao cinema. Doce ilusão achar que eu sujaria o meu terninho preto.

Na manhã seguinte, levantei-me e fui ao meu novo local de laboro. Trabalhei. Trabalhei mesmo! Até as três da tarde. Sem comer! E escutei um elogio e até um: “Parabéns!”. Fui embora. Cheguei à faculdade e sentei-me no boteco. Ao chegar, a esposa do proprietário me olhou e pensou: “Hoje é dia!”. Ela acertou. Pedi uma cerveja, outra e depois outra, sozinha. Hora de ir à aula. “Depois eu volto”, eu disse. E voltarei mesmo, com certeza. Afinal, hoje é sexta-feira...

Encontro

Pedro Levindo
Será que aquilo daria certo? A idéia toda o deixava um pouco nervoso. É claro que grande parte desse sentimento se dava de forma natural. Todo mundo fica nervoso antes de um encontro não fica? Fica, bem pelo menos a maioria. Mas e encontro com quem se conheceu pelo Orkut? Nunca acreditara em namoro, nem amizade, nem nada na internet, a não ser compra de livros e pesquisa feita de qualquer jeito. Dois meses de conversa... Até que não foi muito. Como seria o papo? Ela era inteligente, gente fina, pelo menos ao telefone. Essa camisa está ruim, não ficou legal com a calça jeans. Jeans não tá muito despojado não? Não, tá bom. Trocou de camisa, por uma verde. Combina com o olho. Zorra, essa camisa de novo? Se tirar ela sai andando. Mas, dava sorte, é verde, ficou bom, pensou. Se bem que ela já viu o olho, as fotos do site mostravam bem. Afinal, foram as fotos mesmo que a atraíram. Aquela história do livro... Podia até ser verdade, mas... foram as fotos mesmo. Estavam ótimas. Ao contrário das dela, todas meio escuras, fora de foco, pequenas, de parte do rosto apenas. Mas ela parecia ser bonita. Será que era mesmo? Ás vezes foto engana... E se não fosse, como diabos sairia dessa? Não dá pra marcar depois de mais de dois meses de conversa pra não ter nada né. Ou dava? E se ela não gostasse dele? Improvável. Olhou-se mais uma vez no espelho. A camisa verde ficou boa. Penteou os cabelos mais uma vez. Repartido no meio? Não, tá pequeno demais. Repartido pro lado, com um pouco de gel. Muito “mauriinho”?. É. Mas vai assim mesmo, que se dane. Isso. Não era muito vaidoso. Isso se dava, masi do qualquer coisa, pelo fato de que achava-se bem quase sempre, ás vezes um pouco feio, geralmente muito bonito. Olhou-se mais uma vez no espelho. Muito bonito, como sempre. Satisfeito com o resultado, passou perfume, deu uma última olhada no espelho. Tudo nos conformes. não esqueceu nada? Não. De cima da bancada, pegou o que tinha pegar e saiu. Seja o que Deus quiser.

quinta-feira, 27 de setembro de 2007

A mente de Raiany dentro da minha

Fluxo de consciência *
Por/Carlos Alberto -Raiany

Que raiva! Nasci há nove anos atrás de um segundo casamento... segundo casamento da minha mãe e do meu pai...Dois irmãos...Não agüento mais desde os meus dois anos de idade, sofrer com tanta briga... tantas pessoas...

Ciúmes...Tranqüilidade....Papai, gosta de ficar com os amigos jogando bola e, baralho quando em dia de folga... Minha mãe não sabe se pelo fato dela ser cabeleira é tão vaidosa... Puxei este lado dela? Sinto-me muito vaidosa para uma menina de apenas nove anos de idade... Escovar meus cabelos... Fazer minha unhas... Comprar até minhas maquilagens em revista de Hermes... Separada de minha mãe, é que não gosto de misturar muitas as nossas coisas... Pago tudo com minha mesada que recebo todo mês do meu avô Pedro...

Mas falando do meu lado emocional, me sinto uma criança madura...Estudar, discutir idéias com meu irmão...Pena que minha irmã não morou com meus pais junto comigo...Hoje então com a separação deles não gosto de ver minha mãe chorando...Procurando Igrejas para restaurar o casamento e nossa família, esta separação me abalou muito emocionalmente, quando lembro do meu pai brincando comigo e, até mesmo com meu irmão...Meu único consolo são minhas bonecas...

segunda-feira, 24 de setembro de 2007

O ataque de “Garga”

Por Márcia Barreto

Um homem negro, 1,90 de altura, magro, olhar perdido. O seu look predileto é bermuda, camisa branca e por cima um saco de lixo plástico preto cortado como se fosse uma camisa. Carregando sempre uma pá ou barra de ferro ou de madeira. Nunca anda de mãos vazia. Como se estivesse sempre preparado para o ataque. Transita livremente pelas ruas sem nenhuma restrição. Gargamel é o nome. Não é do desenho “ Os smurff”, mas é tão temido e odiado quanto ou até mais.

Dia 11 de agosto de 2007, por volta das 15 horas. Lilí, como é conhecida entre parentes e amigos, abria o portão de seu ateliê para que seus clientes fossem embora. Após conduzi-los até o carro e despedir-se dos clientes, avistou de longe Gargamel. “Meu DEUS!!! Tenho que correr. Entrar e fechar logo esse portão que aquele maluco ta vindo ali. Nossa ele está se aproximando cada vez mais. Tenho que correr. Acelerrou os passos mas não deu tempo. Ele esta andando muito rápido. Que medo!!!”.

Enquanto pensava na rapidez que ele se aproximava, andava rápido também com o objetivo de alcançar o portão do atelier e se livrar da possibilidade do ataque. Quando estendeu o braço e colocou a mão na maçaneta do portão para abrir e entrar foi surpreendida com a mão dele no seu cabelo e um puxão que a jogou na rua. Foi quando se deu conta que ele já estava ali. “Meu DEUS e agora!!! Me ajude!!! Esse homem vai me matar!!!Preciso de ajuda!!!Ruan!!! Ruan!!!”.

Lili começou a gritar o marido com pedido de socorro:

- Ruan socorro!!! Ruan!!! Ruan!!! Ruan socorro!!! Ruan!!!

O maluco começou a falar alto:
- Vou te matar! Você destruiu minha casa! O Meridian acabou. Culpa sua!!!

Falava o maluco se referindo ao antigo hotel Meridian(Rio Vermelho) que hoje é Pestana. Segundo informações ele morava em baixo do hotel e quando foi vendido o novo proprietário expulsou todos os moradores daquele local.

Lili ainda muito confusa com toda aquela situação. "Não entendia direito o que estava acontecendo. Sentindo os tapas, os murros que o maluco dava por todo o seu corpo. Em pânico com muito medo de morrer". Continuava gritando. Pedindo ajuda:

- Socorro!!! Alguém me ajude!!! Socorro!!! Socorro!!! Socorro!!! Socorro!!!Socorro!!!...

Enquanto pedia ajuda entrou em luta corporal com o maluco. “Meu DEUS, por que ninguém me ouve!!! “Meu DEUS!!! Esse homem vai me matar. Meu DEUS!!!”
Foi quando Gargamel puxou o óculos de Lili, "tudo escureceu". Não teve tempo de pensar em mais nada. Caiu no chão desmaiando. Permanecendo ali caída no chão com o maluco em cima dela puxando seu cabelo e batendo naquele corpo frágil e desprotegido.

Ao lado estavam seu marido e seu irmão lavando o carro. Quando ouviram os gritos de socorro correram até o local. Ela caída no chão e ele em cima dela batendo com muita força. Foi a cena presenciada por seu marido e seu irmão.

Naquele instante o marido completamente transtornado. Pulou em cima do maluco e começou a bater nele. "A raiva era visível em seu olhar". “Vou matar você!!! Largue minha mulher seu cretino!!!”
Aos gritos começou a chamar o nome da esposa. Na esperança de que ela reagisse.

- LILI,LILI,LILI!!! Meu DEUS!!!

Enquanto batia no maluco ordenava que ele saísse de cima de sua mulher:

- Larga ela seu filho da puta desgraçado!!!”.

O irmão e o marido dela juntos bateram nele. Até que conseguiram tirar ele de cima dela. O maluco saiu correndo em disparada.


Nesse momento várias pessoas correram para o local. Inclusive sua mãe. Que no ato de desespero correu ao encontro do corpo da filha estendido no chão. “Meu DEUS!!! Ajude minha filha”. “Meu DEUS!!! Ajude minha filha”. Sem entender direito o que havia acontecido ali!!! Ajude minha filha”. “Meu DEUS!!! Ajude minha filha”. “Meu DEUS!!! Ajude minha filha”.


O marido e o irmão dela carregaram na e levaram para dentro de casa. Que fica no andar em cima do seu ateliê. Deitaram ela na cama e colocaram para cheirar álcool, alho até que ela acordou:

- O que aconteceu?!?O que aconteceu?!?

Perguntava Lili sem lembrar o que tinha acontecido. "Aos poucos foi lembrando, as imagens vinha feito filme. Em um ato de desabafo começou a chorar". Seu marido abraçou com força e disse:

- Calma meu amor está tudo bem. Vou te levar a um hospital para fazer uns exames e verificar se está tudo bem.

Ela não parava de chorar. Amparada pelo marido seguiram para o hospital.

A mãe, o marido, o irmão e ela entraram no carro e foram para o hospital. Chegando lá ela foi submetida a vários exames. Quando retornaram para casa já era noite. A sensação era de alivio por não ter acontecido nada de mais grave.

Com escoriação pelo corpo, ainda meio confusa tentava organizar seus pensamentos e agradecia a DEUS por ter sobrevivido. “Meu DEUS obrigada!! Aquele maluco quase me matou. Se não fosse meu marido e meu irmão!!! Meu DEUS o que teria sido de mim? Foi o senhor DEUS que os enviou para me salvar !!! Obrigada”. Sempre que pensava no acontecimento lágrimas corriam-lhe o rosto.

Quando chegaram em casa estava a irmã, os três irmãos, o pai, os tios e as tias aguardando seu retorno. Ao entrarem em casa andando todos sentiram um alivio no coração e enchiam eles de perguntas:

- O que foi realmente que aconteceu? Aquele desgraçado fez o que com você? Você esta bem?

Ficou difícil sabe quem perguntava o quê.
Aos poucos foram se acalmando. E Lili explicou tudo com a ajuda do marido, do irmão e da mãe.

Nos dias seguintes Lili não andava sozinha na rua.
Assustada não ficava na porta do próprio ateliê. E quando tinha que sair sozinha, movimentava a cabeça olhando para todos os lados e pensando desesperadamente: - “Meu DEUS tomara que aquele maluco não apareça nunca mais”.

Todos ao encontrá-la na rua perguntavam como tinha acontecido aquilo? Após a narração do fato, as pessoas ficavam estarrecidas.

- Como é que um maluco desses vive solto pelas ruas? A polícia não faz nada? Os dirigentes do Estado e Município não estão preocupados. Isso é um problema de saúde pública e de polícia.

A mulher ainda muito assustada nada respondia.

Depois de um mês já estava mais tranqüila. E ria ao lembrar daquelas horas de horrores.

Os parentes e amigos passam por ela e gritam:

- Cuidado LILI !!! Garga ta vindo ai!!! Cuidado com Garga!!!
Ela ri e repete as frases.

- Cuidado!!! Garga ta vindo!!! A próxima vítima pode ser você!!!

Assim aprende a conviver com o medo. “Meu DEUS, não quero mais cruzar com aquele homem. Me proteja DEUS”.


Desabafo: Gargamel continua solto e impune pelas ruas. Desde criança ouço histórias horríveis a seu respeito. Dizem que matou a própria esposa com uma pá. Detalhe só ataca mulheres. Como ele é muito alto, quase dois metros de altura, e forte causa pânico.
Ontem dia 23 de setembro de 2007, fui na Perini – Pituba com meu namorado, na rua em frente, estava ele gritando por alguém na porta de um edifício como se fosse uma pessoa de bem. A rua estava com pouca iluminação. Ao perceber sua presença senti pânico, raiva, revolta e uma sensação de impotência por ter certeza de que temos de conviver com ele. E se fizermos algo com contra ele, a justiça fica contra nós. Alegando que ele não tem o juízo perfeito. Mas quem tem? A justiça? Que garante a um ser dessa espécie que ameaça, bate e mata as pessoas? Ele terá que fazer mais quantas vitimas para que alguém tome uma posição? Que país é este? Que leis são essas que garantem a esse sujeito a liberdade? Enquanto que para nós fica o medo, pânico. Acho que maluco somo nós? Ele transita livremente pelas ruas. E se nossos caminhos estiverem no mesmo sentido procuro um abrigo por medo dele.
Cadê o meu direito de ir e vir quem vai garantir???

Caso de saúde pública

Márcia Barreto

O vigilante usa boné, calça azul e camisa amarela. No rosto, chamam a atenção duas máscaras brancas de feltro, que davam a ele uma beleza mascarada. No movimento de abrir e fechar o portão, de ferro pintado na cor branca, o trabalhador não descuidava das máscaras sobrepostas. A todo o momento, ele ajustava a proteção que, na verdade, sintetizava uma realidade, uma denúncia. O homem negro protegia suas narinas da contaminação e do mau cheiro que estava sendo exalado. Um odor forte, oriundo de ferimentos abertos, carne podre e sangue, junto com uma mistura de gente sem tomar banho, dava o toque do ambiente. Desesperança e revolta eram os sentimentos perceptíveis nas pessoas que estavam naquele local, na manhã do dia 21 de setembro de 2007. Onde estamos? No Hospital Roberto Santos – Salvador – Bahia - Brasil.

Na frente da emergência, o cenário era confuso. Ninguém sabia ao certo o que estava acontecendo. Aproximadamente 20 pessoas, entre pacientes e acompanhantes, aguardavam ansiosos o destino de parentes e amigos. Nenhuma satisfação da direção do Hospital ou da Secretaria de Saúde sobre o que era aquilo que mais parecia um pesadelo. Cenas de um campo de guerra, com muitos enfermos e poucos profissionais, espaço físico quase impossível de acolher a todos.

A porta interna da emergência não só estava fechada, como trancada. Acompanhantes e funcionários usavam máscaras. Um fedor insuportável, vindo do interior da sala trancada, denunciava que algo de errado estava acontecendo naquele local.

O destino dos enfermos que amanheceram ali era incerto. Os burburinhos eram inúmeros. Todos se queixavam das condições de tratamento dado aos pacientes, que eram as piores possíveis. Sem critério de avaliação do problema, da resistência desses enfermos, eles eram mandados para casa sem resolver o problema ou orientados a procurar outra unidade de saúde. Muitos não agüentavam andar. Eram pacientes internados há dias na esperança de uma cirurgia que não aconteceu.

Pacientes e acompanhantes saíam pelo portão - branco, de ferro -, da emergência, que era aberto pelo segurança mascarado. Pessoas que pareciam formiguinhas carregando alimento, só que essas formigas estavam carregando seus doentes.

A paciente Robéria aparentava uns 47 anos. Negra, com a cor da pele pálida quase branca - da doença, uma fisionomia triste, a dor estampada na cara. Cabelo preso em total desalinho, mal conseguia fica de pé, demonstrava dificuldade em falar, e quando conseguia, sua voz saia baixinho que quase não dava para escutar. Camisa laranja com listras branca, saia preta, jaqueta jeans, sandália de dedo – baixa, cobria aquele corpo magro, sofrido que adentrara aquela emergência em busca de Socorro!!!Socorro!!! Socorro!!!Socorro!!!Socorro!!!

Robéria era mais uma que havia sido mandada para casa sem resolver o problema. Conduzida por sua vizinha, Miriam Conceição, que tinha a indignação, a revolta e a desesperança estampada no rosto. Transtornada com aquela situação de abandono, gritava:

- Ele já está aqui há 18 dias aguardando uma cirurgia de vesícula e nada foi feito. Agora mandaram ela ir embora. Marcaram uma consulta para o dia 13 de dezembro de 2007. Isso se ela estiver viva!


Diante da indignação da vizinha e da sua situação no hospital, de total abandono. 18 quilos a menos, Robéria demonstrava otimismo, esperança e acreditava que teria seu problema resolvido.

- Vou estar viva sim! Vai dar tudo certo! Vou ficar boa! Vou resolver o meu problema!

Nesse clima de indignação Robéria era conduzida pela vizinha até o carro que a levaria para casa. Onde aguardaria a determinação de um futuro incerto.

O desespero, a indignação e a revolta na frente da emergência continuou. Sempre lotada com pacientes, acompanhantes que aguardavam ali uma posição que chegou sem muito convencimento do Secretário de Saúde. Que virtude da super lotação os pacientes estavam sendo liberados.

Maria Oliveira domestica procurou a emergência do Hospital Roberto Santos com enjôos, tontura e dores na cabeça. Saiu de lá sem resolver o problema. Recebeu orientação para buscar atendimento em outras unidades de saúde. Indignada falava:

- Para ser atendido aqui tem que ter tomado um tiro, ou facada!
Assim foi durante 1h30min de permanência naquele local. Abandono era a impressão daquele lugar, sombrio e fétido.
Difícil de imaginar gente tratando gente dessa forma

domingo, 23 de setembro de 2007

Infância sobre mesa

Por Isis Santana

Na toalha branca com detalhes de frutas coloridas, em meio a farelos de pão do café da manhã e manchas do molho do macarrão servido no almoço, uma pequena lata de doce de leite. A iguaria foi feita de improviso, através do cozimento, em banho-maria, de uma lata de leite condensado.- Quer mais moreninho ou mais branquinho?, pergunta, Ana, a dona da casa, para fazê-lo de acordo com o gosto da visita. É só uma questão de tempo. Se cozinhar mais, mais moreno; menos, clarinho.
Sentadas em volta da mesa retangular da cozinha, Ana e Terezinha (amigas de mais de duas décadas) jogam suas histórias, servem-nas como se servissem as coxinhas e os doces que são capazes de fazer. Promovem uma festa de criança, sem ocultar os traumas inevitáveis da fase.
Conheceram-se numa manhã em que Terezinha bateu à porta da casa de Ana, a seis quadras da sua própria, para vender roupas, o que fazia diariamente pela vizinhança. Com um semblante sisudo, que pouco combinava com sua aparência de serenidade, Ana, uma matrona corpulenta de estatura baixa, tez alva e olhos castanhos contornados como os de uma indiazinha sapeca, recebeu-a sem esconder o mau humor, e tampouco a barriga da gestação avançada.
- O que você quer?
Vendedores na porta de sua casa a irritam.
- Não preciso vender, não, mas quero saber o que acontece pra esse mau humor. Você tá com a graça de Deus aí, e tá desse jeito. Podemo conversar se quiser.
- Então entra pra tomar um café podre, disse Ana, risonha, pelo gracejo que ousara, e já amolecida.Ana abriu a porta de sua casa e, senão comprou nada naquela dia, compraria em muitas outras oportunidades. Era apenas o início de uma madura amizade, que ganha mais um encontro nesta tarde de domingo outonal, ensolarado, mas não quente.

Aniversário Secular

Alice Coelho

O domingo oscilava. Ora o sol se expunha, ora se escondia por trás das nuvens que passeavam pelo céu. Era uma data especial para a família Veloso. A matriarca Canô Veloso completava cem anos de vida.

O tempo parecia corresponder aos sentimentos de Dona Canô. Vestida toda de branco, óculos redondos e uma pequena bolsa branca nas mãos, aqueles olhos verdes expressavam felicidade e emoção.

- A senhora tá feliz? – pergunta uma das repórteres que lhe cercavam desde cedo.

- Eu não sei explicar. Eu não sei se é felicidade, se é alegria, se é tristeza. Sei que estou sentindo tudo de uma vez.

Os cabelos brancos e a pele enrugada de Dona Canô Veloso lhe dá o direito de não saber definir o que sentia. Apenas de viver.

Canô passou o dia cercada por repórteres, artistas, políticos e pessoas comuns da cidade de Santo Amaro da Imperatriz. O dia parece não cansar a aniversariante. Com disposição de invejar qualquer jovem de 20 anos, é acompanhada por três de seus quatro filhos, em direção à igreja matriz de Santo Amaro da Imperatriz, onde vai ser realizada missa em sua homenagem.

A igreja está lotada. Aquele espaço parece não ser suficiente para tanta gente. Em um ambiente de pouca e luz e pouca ventilação, é válido utilizar-se de qualquer coisa que faça vento, inclusive o folheto da missa.

A música escolhida para o momento da entrada de Dona Canô na igreja, é de autoria do filho Caetano. Grande parte das pessoas que lá estão, escolheram se vestir de branco. O branco que, em terras baianas, pode simbolizar a paz, Nosso Senhor do Bonfim ou até mesmo Oxalá.

A aniversariante parece não fazer distinção dos que ali estão e cumprimenta a todos a quem seu olhar alcança. A missa, celebrada pelo arcebispo Dom Geraldo Magela tem um momento especial. Emocionada, a mãe de Caetano e Bethania, recebe das mães do arcebispo uma imagem de Nossa Senhora Aparecida.

Populares e famosos tentam traduzir em gestos e palavras o que aquela senhora significa para a comunidade baiana. O Ministro da Cultura, Gilberto Gil, diz que ela é uma pessoa “Canonizada em vida”. Um grupo de menino cantores fazem uma homenagem singela: cantam uma música feita especialmente para ela.

Canô Velloso não é artista, mas é famosa. Embora pareça não compreender o porquê de tanta homenagem, os seus 100 anos significam para a comunidade de Santo Amaro muito mais do que um século de vida.

Superlotação em hospital de Salvador

Por Verena Cerqueira

Cabelos já grisalhos e magra, aparentava fraqueza e devia ter mais de 50 anos. Com uma jaqueta azul, uma saia preta e uma blusa listrada, Dona Robéria é uma mulher já idosa, e, com dificuldades para andar, saiu do hospital com a ajuda de sua acompanhante.
Com uma pedra na vesícula e 15 quilos a menos, Dona Robéria aguardava 18 dias no Hospital Roberto Santos para ser operada. A cirurgia não só não aconteceu como foi adiada para, somente, dezembro.
"Se ela estiver viva até lá, faz a cirurgia", disse sua acompanhante desapontada. Dona Robéria, com esperança nos olhos afirmava para si mesma que ia resistir até lá e se curar.
A idosa foi somente uma, entre diversas pessoas que se encontravam ontem no Hospital Roberto Santos em busca de atendimento.
Localizado no bairro do Cabula, o Hospital Roberto Santos fica após a subida de uma longa ladeira. A emergência do hospital fica separada, e foi lá, especificamente, que, 150 pessoas aguardavam atendimento no qual só tinha capacidade para metade.
Aparentando ótimas condições visto de fora, e ainda mais por se tratar de um órgão público, o Roberto Santos denunciava justamente o contrário no seu interior.
Apesar de a porta principal, grande e de cor branca, ter sido mantida fechada, ao entrar na emergência podia-se ver diversas pessoas, entre médicos, funcionários, doentes e acompanhantes, circulando no local devido a entrada não ter sido proibida por ninguém.
A desorganização era enorme. Pessoas com cortes profundos e ferimentos graves circulavam entre acompanhantes e doentes. Muitas usavam máscaras devido ao mau cheiro causado por essas pessoas de ferimentos graves, que, ao invés estarem em salas separadas, encontravam-se juntamente com os acompanhantes a espera de atendimento.
O funcionário da secretaria de saúde Manolo Domingues, homem aparentando seus 50 anos, pele branca, cabelos quase totalmente brancos e barbudo, admitiu que a situação não era normal e que já estavam sendo tomadas providencias para amenizar a situação. Disse ainda que somente as pessoas com ferimentos mais graves estavam sendo atendidas e já estavam tomando as providencias para a transferência dos demais feridos e doentes para outros hospitais da cidade.

Um século de história

Midiã Santana

Uma aparição com as madeixas soltas publicamente é quase impossível, seus cabelos brancos estão sempre cuidadosamente penteados, geralmente um coque básico. O rosto é sereno, o andar é lento, a pele já está enrugada da idade, mas a lucidez e a agilidade para cuidar do que a pertence se tornam raridades para alguém que já vivi a tanto tempo, como é o caso de Dona Canô. Afinal de contas, o fato de uma pessoa completar um centenário, e esbanjar alegria e sensatez, não é algo que aconteça com freqüência.

Na pequena e pacata cidade de Santo Amaro da Purificação, todos já conhecem a casa azul e branca de número 179 na Avenida Ferreira Bandeira. É ali que há mais de 60 anos é a casa dos Veloso, da Dona Claudionor, a famosa Dona Canô, mãe de Caetano Veloso e Maria Bethânia, cantores importantes no cenário musical do Brasil.
A cidadezinha de Santo Amaro, muito simples, com cara de centro histórico, já teve tempos de glória graças a cana - de- açúcar, mas após a queda do açúcar, a cidade parou no tempo, e não teve mais nenhuma grande evolução financeira. E nessa cidade calma, e sem muitas opções de lazer, Dona Canô que já brigou por inúmeras questões para melhorar a cidade, incluindo a revitalização do Rio Sumaré, usou da sua “fama”, para pedir aos governantes que reconstruíssem o teatro da cidade. E como “Dona Canô chamou”, eles foram e o restauraram. Esse é um dos exemplos que fazem esse povo, que ela diz não entender porque a admiram tanto, terem amor e gratidão por ela.

Não era um dia qualquer ...

Tudo indicava que era um dia comum de sol e pasmaceira, mas na verdade não, era o aniversário da pessoa mais importante da cidade. A festa de comemoração do Centenário de Dona Canô, que começou com uma procissão da população pelas ruas da cidade, com a imagem de Nossa Senhora de Aparecida, levada de São Paulo especialmente para a comemoração. Depois seguiram para a Igreja de Nossa Senhora da Purificação onde a aniversariante foi recebida pelos fãs e amigos, com uma missa celebrada pelo Arcebispo Primaz do Brasil, Dom Geraldo Magella Agnelo e pelo Monsenhor Gaspar Sadoc.
A filha Maria Bethânia, também prestou homenagem a mãe, e com lágrimas nos olhos cantou a música Romaria.
Um dia marcante para a “mãe da cidade”, uma senhora muito religiosa, e que já viu muito da história do país, da cidade, da própria vida, e que ficará marcada na história de Santo Amaro.




sábado, 22 de setembro de 2007

O que será das marias, mauras, e robérias?

Uma imponente construção erguida no vasto terreno do bairro do Cabula, em Salvador, gera indignação, revolta e desespero. Sintomas como dor de cabeça, um possível câncer e pedras na vesícula não são respeitados. Cerca de 150 pessoas com estavam passando por uma triagem rigorosa devido ao aumento no atendimento da emergência do Hospital Roberto Santos. Com capacidade para atender 75 pessoas por dia, na última quinta-feira, 20 de setembro, o hospital abrigava 150. Marias, Mauras e Robérias vão para casa porque não sofreram nenhuma facada ou tiroteio.

Durante 18 dias, Robéria espera por uma cirurgia na vesícula. Com aspecto frágil, e com 15 kg a menos, foi ao Roberto Santos não para perder peso, mas para realizar uma cirurgia de retirada de cálculos na vesícula. Voltava para casa vestindo uma saia preta e uma blusa laranja com listras brancas, e com um casaco jeans aparentemente folgado. Além disso, um pequeno detalhe, imprescindível: todas as suas pedras ainda na vesícula. Se ainda estiver viva, como afirma Miriam Conceição, vizinha da paciente, Robéria volta mais uma vez para estadia no “spa estadual” em dezembro. Até lá, vai conviver com as dores abdominais, que não deve ser muita coisa, afinal, os médicos a deram alta! O otimismo produz a única: ela voltará.

E haja otimismo! Ainda temos as Marias e as Mauras em busca de atendimento. Isso, é claro, se Jorge Solla, secretário da Saúde, explicasse realmente o que estava acontecendo para haver uma triagem tão rigorosa em um hospital público que, mesmo sempre movimentado, atendeu a população do Estado.

Mas aonde tem podridão há um odor bem forte. E é esse odor que denuncia toda a agitação da emergência e explica a utilização de máscaras por funcionários. Pacientes diabéticos, com pernas necrosadas, justificam o mau cheiro na emergência. Faltam cirurgiões para amputar, afirma Maura Barreto, que na espera de atendimento, explica o fedor que exala do local.

Robéria voltou para casa, Maura ainda espera. E as Marias? Maria Oliveira, coitada, só estava com dor de cabeça, também não deve ser nada (?), foi mandada embora. E a outra Maria de Lourdes, 59, nada grave, ela só está com suspeita de câncer (!). Vai vê que é assim mesmo. É mais fácil morrer em casa e não assumir a culpa do que no próprio hospital. Ai já viu, o escândalo seria maior, e o Jorge Solla mais uma vez não saberia explicar.

Emergência Superlotada

Por Ana Paula Paixão

Um verdadeiro caos é a forma de resumir a situação em que se encontra o Hospital Roberto Santos nos últimos dias. Por causa da superlotação a emergência do hospital não tem condições de atender à demanda. O número de doentes chegou a dobrar durante o dia segundo a direção. O hospital possui 75 leitos e chegou a 150 a quantidade de enfermos. Pessoas carentes de muitas regiões de Salvador esperam na porta da instituição em busca de melhorar a própria saúde ou de seus amigos e parentes. O que se vê é uma cena de luta pela sobrevivência. Indivíduos à espera por sanar seus problemas físicos.
No cenário uma lotação. Pessoas amontoadas, debilitadas, ansiosas e sofridas. Sobreviventes como a doméstica Maria de Oliveira. Ela chegou ao local com enjôo, tontura, porém não foi atendida. Seu caso não era considerado urgente. Maria de Lourdes com fortes dores no abdômen ficou sem resposta. Portas Fechadas. A direção não permite entrada de jornalistas. Pelo vidro das janelas se vê os funcionários estão usando máscaras. Impacto. Isso seria um procedimento normal em hospitais mas o uso das mesmas não é comum de se ver no dia-a-dia. Porém isso se dá por conta do mau cheiro provocado devido a ferimentos graves de alguns pacientes. Alguns com os membros já condenados à amputação, na espera pela vaga para cirurgia. Jorge Solla, secretário de saúde, afirma que a sala de espera se encontra trancada para controlar a entrada de acompanhantes até que a situação seja normalizada. Quem recebeu alta esperava do lado de fora , de pé, pelo transporte.
Manolo Domingues, funcionário da Secretaria de Saúde, assegura que os enfermos estão sendo atendidos dentro do possível e que a prioridade está sendo dada aos casos graves. Uma ambulância chega. As portas se abrem. Um homem chega carregado numa maca com um ferimento grave provocado por um prego que perfurou parte do seu olho. Foi levado às pressas para dentro. Quem já esperava há tempo apenas se pôs a observar a agonia daquele senhor. A demora garante que ele foi atendido e não será mandado embora sem assistência. Esperança para os que anseiam por atendimento.
Robéria Fortes, vinda de Mar Grande, Ilha de Itaparica, magra, vestida numa roupa simples, calçando chinelos. Aparência frágil. Há 18 dias internada com dores. Atravessou a Baía de Todos os Santos em busca de solução para seu sofrimento, confiando na misericórdia da saúde pública. Voltou para casa e uma nova consulta foi marcada para Dezembro.“Se ela ainda estiver viva”. Desola-se a aposentada Miriam Conceição, sua acompanhante. Uma senhora forte, que segura todo o tempo o braço de Robéria de forma caridosa e firme. Dona Miriam suspeita que Roberia sofre de vesícula. Já a enferma mostra que tem a perseverança típica dos mais humildes: “Estarei viva sim”. Responde.

Sorte

por Pedro Levindo

O Hospital Roberto Santos, público, aparenta, do lado de fora, uma certa calmaria. O prédio é bem-pintado, as instalações são limpas. A Unidade de Tratamento Intensivo é considerada uma das mais modernas da cidade. No anexo onde funciona a emergência, a situação não é muito diferente. Mas essa tranqüilidade acaba quando uma das portas é aberta. Apenas uma fresta basta para se ter idéia do mundo diferente que existe lá dentro. A idéia cristaliza-se na cabeça com os relatos de quem tem a sorte – ou o azar – de sair de lá.

Dona Robéria foi uma dessas pessoas. Usava uma blusa laranja com listras brancas, uma saia preta e uma jaqueta jeans - o frio lá dentro é grande. Saiu amparada, pois sua locomoção, devido aos problemas na vesícula e ao estado debilitado de saúde em geral, está comprometida. Ela anda com a ajuda de uma vizinha, que foi quem a levou ao hospital 18 dias atrás. Foi esse o tempo que a senhora de meia-idade precisou ficar internada para descobrir que a cirurgia de retirada da vesícula, necessária em seu caso, vai ter de ficar para daí a três meses, em dezembro apenas.

A capacidade de atendimento da emergência do hospital é de 75 pacientes por dia. Essa semana, contudo, esse número tem chegado facilmente ao dobro. Os médicos priorizam, naturalmente, os casos mais graves. Dona Robéria, com o semblante cansado, visivelmente debilitada, não teve a sorte de ter o seu caso classificado como grave ou urgente.

Seu estado de ânimo não aparenta revolta, transmite apenas resignação. A revolta ficou a cargo da vizinha e amiga Miriam, que a ajudava a andar. Vestida de forma simples, com um vestido estampado - tão caro a senhora de sua idade - ela mirou a câmera por trás dos óculos grossos e de haste escura e, com o olhar preocupado, disse para a equipe de TV que elas voltariam daí a três meses. “Isso se ela estiver viva até lá”. “Estou indo pra casa, mas tenho certeza que amanhã vou ter que voltar”, completou. Apesar dos pesares, Dona Robéria parece otimista. Resumiu-se, no entanto, a dizer “Vou estar”. Isso, como diz o dito popular, só Deus sabe.

Para quem acredita no Todo-Poderoso, será um caso para Sua providência. Para quem não crê, ou já conhece os meandros da emergência do Hospital Roberto Santos, será apenas mais um caso, onde fica a questão, um tanto quanto prosaica: será que Dona Robéria, daqui a três meses terá de novo a sorte de voltar, e sair, viva, de lá?

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

Proibido para mim!

Karina Oliveira
Agora mais arrumada, perfumada, maquiada e cheia de más intenções, observo meu alvo. Tento controlar-me, para que os outros não percebam que não consigo parar de olhar e, desejar alguém dentro daquela sala... Os movimentos são controlados... Cada olhar, cruzadas de pernas, mordidas nos lábios... Qualquer coisa para chamar sua. Porém, tudo é em vão... Existe um abismo que nos separa. Mas, eu não desisto. Insinuo-me e tento despertar nele o mesmo que estou sentindo... A preocupação em manter o segredo a salvo dos outros, faz com aquele momento torne-se cada vez mais tenso, parecido com os filmes de ação, o mínimo de descuido pode estourar a bomba e os destroços poderão ser visto por todos... Aquela situação sufoca-me e fico num dilema. Contar para as amigas o que está acontecendo, ou guardar este sentimento proibido.
O tempo passa... A vontade de realizar os desejos mais secretos aumenta e deixa-me confusa... Às vezes, me domina e, sem que perceba deixo a mostra. Assim como um pedaço de sua barriga quando levanta o braço para escrever lá no alto... Alto não, pois é baixinho... Então, olho para os lados e tento disfarçar o que alguns perceberam...Tento entrar no clima da aula, mas não tem clima com tanta gente ao seu redor,disputando sua atenção...Por que ele não me nota? Pergunto-me o tempo todo... E o clima está tão bom, já que estamos no verão... Tempo de amar e entregar-se aos amores proibidos... Ele não me nota e, em meio à multidão pareço transparente... O que fazer para despertar sua atenção?
O desespero toma conta de mim... E aquela confusão de sentimentos faz-me pensar sobre o que esta acontecendo... Gritar para todos seria uma boa idéia, mas não quero que todos saibam... Talvez, surrar ao “pé” do ouvido... Não, não... Está tudo errado! Por que o amor é tão confuso, difícil e dói tanto?... Poderia ser que nem pedir uma pizza. Pegar o telefone, escolher e... Ponto! A espera abre o meu apetite e, sinto vontade de devorar... Devorar-te com os olhos, com as mãos e com a boca... O desejo não passa... Continuo tentando satisfazer minhas vontades... Qualquer migalha pode saciar-me. Mas você não percebe, não vê... Então, aprecio outros pratos.

Aniversariante centenária

Silmara Miranda

Há um século atrás nascia Claudionor Vianna Telles Velloso, um metro e cinqüenta de altura e quarenta e nove quilos. Dos oito filhos, dois são conhecidos em todo o país, mas no dia 16 de setembro a notícia era só ela.
Para comemorar o centésimo aniversário de dona Canô, foi realizada uma missa em seu nome por nada menos que o cardeal arcebispo Dom Geraldo Majella Agnelo. Dona Cano merece. É uma defensora e luta por melhoria no bairro em que mora. Por isso, já poderia ser bem querida por todos os moradores, mas a humildade e simpatia por ela distribuídas só fazem aumentar o número de fãs que tem o privilégio de tê-la como vizinha na Avenida Ferreira Bandeira, número 179, pequena Santo Amaro da Purificação, no Recôncavo baiano. Para quem está de passagem, torna-se uma parada obrigatória para um pedido de fotos com a famosa dona Canô.
Em cem anos de estrada dona Canô já viu tudo acontecer. A chegada dos primeiros automóveis, guerras, prisão do filho na época da ditadura, a morte do marido, conheceu países, ... mas hoje a obrigação maior é com a igreja, quando vai religiosamente às missas na igreja da Nossa Senhora da Purificação.
No dia de seu aniversário, ela estava radiante, e os filhos Maria Bethânia e Caetano Veloso estavam como deveriam de estar, no papel inverso de suas vidas, dessa vez, aplaudindo mais um ano de vida do show de carisma que só dona Canô sabe dar!

Centenário: uma comemoração cada vez mais rara

Por Emerson Santos

Os sinos da igreja tocam com um som diferente, dando o sinal de um novo dia que se inicia na cidadezinha tranqüila, que é Santo Amaro da Purificação. Sob os raios do Sol, que não se intimida em aparecer para iluminar e aquecer esse dia mais que especial, o 100º aniversário de Dona Canô. Com um semblante nos olhos oscilando entre felicidade e cansaço, Dona Canô, uma das matriarcas mais conhecidas do Brasil, não se desanima em dizer que o segredo para se chegar aos cem anos é “procurar ser feliz”.
A comemoração do centenário de vida de Dona Canô, mãe de Caetano Veloso e Maria Bethânia, foi um marco muito importante para o povo baiano, principalmente para a população da cidade onde reside, pois, ela é considerada a mão dos santo-amarenses. Um exemplo de mulher guerreira e tranqüila, que sempre agarrou os seus sonhos, como faz uma leoa para proteger seus filhotes. Foram muitos e muitos anos de batalha. Sempre lutou para melhorar a cidade. Em Santo Amaro, não há quem não saiba onde fica a residência de Dona Canô, uma casa branca e azul, onde os Veloso residem a mais de sessenta anos.
Até hoje, ela é quem cuida dos assuntos da casa. Organiza a decoração, o cardápio, assina os cheques e paga as contas. Sempre foi vaidosa, raramente é vista com os cabelos soltos. Um santuário que fica estrategicamente montado na entrada de seu quarto é um dos locais mais preferidos de sua casa. Nele, podem ser encontradas várias imagens religiosas, muitas delas são presentes de amigos, como Nossa Senhora Aparecida e o próprio Santo Amaro. A comemoração de um centenário nos dias de hoje, é cada vez mais raro. Dona Canô é privilegiada por isso, visto que, não é todo dia que se chega aos cem anos firme, saudável e forte. Parabéns Dona Canô.

Dona Canô - A centenária

Carlos José Costa

Através de trancos e barrancos, novenas e trezenas, lavagens e muitas lavagens, eis que a velhinha mais famosa do Brasil, dona Canô chega aos seus 100 anos. A mãe de Bethânia e Caetano teve sua festa de centenário, muito bem celebrada na sua cidade natal Santo Amaro da Purificação. Mesmo com a aparência de muito cansada, está bem lúcida. Fala sobre qualquer tipo de assunto e não se embaraça nem um pouquinho.
Por morar toda sua vida numa cidade do interior a simplicidade transborda ao redor de dona Canô que se sentiu muito emocionada ao beijar a Nossa Senhora, que fora trazida de São Paulo especialmente para a sua missa de aniversário. As pessoas ao redor pareciam se sentirem irradiadas, talvez pelo símbolo que a considerada matriarca do estado da Bahia, representa.
Ser mãe de dois artistas tão respeitados no mundo das artes, especificamente o da música, também é mais um motivo que faz com que a mesma tenha mais um diferencial em relação a qualquer outra velhinha que venha chegar a completar seus cem anos. Este é um ponto bastante evidente. Os dois, corujas ou não, falaram que Canô sempre foi uma mãe dócil, cuidadosa, maravilhosa.
A festa para conterrâneos da centenária, artistas e outros foi celebrada num hotel fora da cidade que parecia mais existir só ele, no meio de uma grande mata. Afinal é bem a cara do interior mesmo, aquelas cidades pacatas, e que fora do centro só existe mata. E assim foi marcado o centenário de dona Canô repercutido em toda mídia nacional como um marco histórico.
O diferente de 20 e poucos anos.
Carlos Costa


As vezes me pergunto porque sou tão diferente. Porque não gosto das mesmas coisas que os outros da minha idade gostam? Afinal os 20 e poucos anos de uma pessoa é a fase mais áurea de sua vida, de um modo geral. As pessoas dizem que não me falta nada, mas com certeza me falta muita coisa. Sei disso. Gostaria de me comportar como o Marcos o cara mais famoso da empresa em que eu trabalho. Ele sim tem seus 20 e poucos anos e sabe bem aproveitar. Têm namoradas, é bastante comunicativo, vai à balada, bebe, enfim tem muita lábia. As pessoas olham para ele e sempre diz você é o cara.
Ah, eu também sou comunicativo, na medida do possível, vou à balada, não todo o fim de semana, não tenho namorada e não bebo. Então as pessoas dizem “Ah não, o Caio é diferente.” Por que? Só por que sou quieto e só falo quando me perguntam? E quando falo todos olham como se eu fosse a voz da experiência? Sim sou elogiado, muito elogiado, mas sempre o elogio final tem de ser, ele é diferente. Falo sobre qualquer assunto que me perguntarem e me expresso muito bem. Mas ao me elogiarem me sinto mais velho, mais experiente e acabo sendo diferente.
Vejo outras pessoas que são diferentes, e o pior é que de tanto os outros falarem já me sinto o mais diferente. Paulinha é paraplégica, é minha colega de trabalho também, mas seu humor é têm uma espontaneidade tão grande, que o fato de ela está em uma cadeira de rodas, não abate ela nem um pouquinho. As pessoas não dizem que ela é diferente. Denis, outro colega de trabalho, é gay, fala de sua vida abertamente para os outros, leva até o namorado para o trabalho para apresentar para nós e também nunca ouvi ninguém dizer que ele é diferente. Virgínia adota um visual dos anos 80 até hoje, e olha que ela assim como eu e os outros também têm 20 e poucos anos. As vezes chego até a achar estranho vê-la com aqueles sapatos de salto com plataforma na frente lembrando a época de Dancin´ Days, como ela mesma fala. Mas enfim como os outros ela também não escuta o jargão que me circunda, o de ser diferente.
Sei que as pessoas não são iguais, mas eu não queria ser diferente ou talvez o que me incomode mais é ser o diferente. Sei lá, soa para mim muito estranho, como extra-terrestre ou sei lá o que. Já pensei em seguir o estilo diferente de ser de muita gente, mas acho que tenho medo de me tornar mais diferente ainda.

Vasculhando o armário

Por Deny Nascimento



Lágrimas lavam meu rosto e limpam minha alma. Não sou louca e tão pouco passo por um momento de perda, entretanto, essas lágrimas também não são de felicidade. São 9h de uma sexta feira ,dia comum, dia comum para todos , mas para mim um dia inesquecível. Acordei cedo e resolvi mudar a minha rotina. Desliguei os celulares, coloquei uma camiseta velha e enorme que me faz sentir tão segura e tão acolhida como os braços de minha mãe. Sentei , pensei, pensei e percebi que precisava organizar a minha vida. Precisava voltar a ser responsável com os estudos, ser mais companheira dos meus amigos e principalmente: ser fiel a minha liberdade. Refletir que deveria fazer tudo isso foi fácil, porém tornar meus pensamentos realidade com certeza daria muito trabalho. Mesmo assim, contrariada pela normalidade do comodismo, saltei da cama resolvi começar a transformação.
Mas começar por onde? Fui tão desleixada, que minha vida está uma bagunça total. Pensei em ligar para meus amigos ,que por conta da rotina pesada do trabalho eu havia me afastado, afinal, com a ajuda deles, concretizar essa minha metamorfose seria muito mais fácil. Peguei o telefone comecei a discar 3... 3... 8... 4...NÃO ! vou fazer melhor, escreverei cartas pedindo desculpas, como nos velhos tempos. Mas onde estão meus papeis de carta? Hum.... no armário! Abri o bendito armário... estava tão arrumadinho, que 70% das coisas que estavam lá caíram nos meus pés. Era um problema a mais para eu resolver mas ... é a vida.
Sentei no chão catei os papeis e as cartinhas começaram a me chamar a atenção . Comecei a lê-las, uma por uma e a emoção tomava conta de mim. Cartinha de desculpas , de declarações de amor, amizade, rascunhos de cartas para namorado, papeizinhos eu eram trocados no meu das aulas.Eram tantas coisas de uma pessoa tão deferente do que eu sou hoje. Eu sei que transformações fazem parte de nos , mas eu mudei tanto, e em relação aos meus sentimentos, não foi para melhor. Naquela época eu não sofria dos males de hoje, não tinha vergonha de dizer eu te amo, de passar uma tarde inteira papeando e muito menos de fazer o que meu coração pedia. Agora eu sou o inicio do que eu sempre jurei que não seria: uma adulta manipulada pelo sistema.
Chorei muito ao ler trechos de minhas antigas agendas, (não tão antigas assim, de dois três anos atrás), percebi que eu era uma assassina. Assassinei muitos sentimentos e o pior, fiz com que o que de melhor eu tinha, minha ingenuidade, fosse apagada de minha memória. Não consigo entender como pude me transformar desse jeito em tão pouco tempo. Não sei como pude abrir mão dos meus maiores tesouros... Era hora de mudar.
Peguei papel, caneta e repetindo o gesto que era natural a menina que fui a dois anos atrás, deitei-me de bruços no chão e comecei a escrever, as palavras já não eram tão ingênuas como as de antes, mas já havia valido a pena , meu coração já sentia algo. Era uma espécie de dor, medo, arrependimento, felicidade,amor e angustia, e foi e sentimento mais intenso e mais profundo que eu já senti.
O mundo lá fora já não me interessava mais, eu tinha que colocar meus sentimentos em forma de palavras. Passei minha tarde escrevendo ,e ressuscitando o meu eu em mim.
“ ... amiga querida, sei que há muito tempo eu não demonstro o amor que sinto por você. Sei também que tenho sido incapaz de te ligar no meio da madrugada só pra saber se deu certo o seu plano de conquista ... muita coisa mudou. Mas hoje eu resolvi resgatar os meus tesouros, estou fazendo reviver o meu velho eu ... amiga eu te amo.
... sei que talvez o meu resgate de mim mesma não seja o suficiente para que eu acumule forças e a entregue um dia essa carta ... não importam os fins mas os meios dessa minha transformação já valeram a pena."


O dia se passou, escrevi muitas outras cartas. Resta- me agora o amanhã que me dirá se a minha volta ao passado valeu a pena.