domingo, 23 de setembro de 2007

Um século de história

Midiã Santana

Uma aparição com as madeixas soltas publicamente é quase impossível, seus cabelos brancos estão sempre cuidadosamente penteados, geralmente um coque básico. O rosto é sereno, o andar é lento, a pele já está enrugada da idade, mas a lucidez e a agilidade para cuidar do que a pertence se tornam raridades para alguém que já vivi a tanto tempo, como é o caso de Dona Canô. Afinal de contas, o fato de uma pessoa completar um centenário, e esbanjar alegria e sensatez, não é algo que aconteça com freqüência.

Na pequena e pacata cidade de Santo Amaro da Purificação, todos já conhecem a casa azul e branca de número 179 na Avenida Ferreira Bandeira. É ali que há mais de 60 anos é a casa dos Veloso, da Dona Claudionor, a famosa Dona Canô, mãe de Caetano Veloso e Maria Bethânia, cantores importantes no cenário musical do Brasil.
A cidadezinha de Santo Amaro, muito simples, com cara de centro histórico, já teve tempos de glória graças a cana - de- açúcar, mas após a queda do açúcar, a cidade parou no tempo, e não teve mais nenhuma grande evolução financeira. E nessa cidade calma, e sem muitas opções de lazer, Dona Canô que já brigou por inúmeras questões para melhorar a cidade, incluindo a revitalização do Rio Sumaré, usou da sua “fama”, para pedir aos governantes que reconstruíssem o teatro da cidade. E como “Dona Canô chamou”, eles foram e o restauraram. Esse é um dos exemplos que fazem esse povo, que ela diz não entender porque a admiram tanto, terem amor e gratidão por ela.

Não era um dia qualquer ...

Tudo indicava que era um dia comum de sol e pasmaceira, mas na verdade não, era o aniversário da pessoa mais importante da cidade. A festa de comemoração do Centenário de Dona Canô, que começou com uma procissão da população pelas ruas da cidade, com a imagem de Nossa Senhora de Aparecida, levada de São Paulo especialmente para a comemoração. Depois seguiram para a Igreja de Nossa Senhora da Purificação onde a aniversariante foi recebida pelos fãs e amigos, com uma missa celebrada pelo Arcebispo Primaz do Brasil, Dom Geraldo Magella Agnelo e pelo Monsenhor Gaspar Sadoc.
A filha Maria Bethânia, também prestou homenagem a mãe, e com lágrimas nos olhos cantou a música Romaria.
Um dia marcante para a “mãe da cidade”, uma senhora muito religiosa, e que já viu muito da história do país, da cidade, da própria vida, e que ficará marcada na história de Santo Amaro.




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