sábado, 22 de setembro de 2007

Emergência Superlotada

Por Ana Paula Paixão

Um verdadeiro caos é a forma de resumir a situação em que se encontra o Hospital Roberto Santos nos últimos dias. Por causa da superlotação a emergência do hospital não tem condições de atender à demanda. O número de doentes chegou a dobrar durante o dia segundo a direção. O hospital possui 75 leitos e chegou a 150 a quantidade de enfermos. Pessoas carentes de muitas regiões de Salvador esperam na porta da instituição em busca de melhorar a própria saúde ou de seus amigos e parentes. O que se vê é uma cena de luta pela sobrevivência. Indivíduos à espera por sanar seus problemas físicos.
No cenário uma lotação. Pessoas amontoadas, debilitadas, ansiosas e sofridas. Sobreviventes como a doméstica Maria de Oliveira. Ela chegou ao local com enjôo, tontura, porém não foi atendida. Seu caso não era considerado urgente. Maria de Lourdes com fortes dores no abdômen ficou sem resposta. Portas Fechadas. A direção não permite entrada de jornalistas. Pelo vidro das janelas se vê os funcionários estão usando máscaras. Impacto. Isso seria um procedimento normal em hospitais mas o uso das mesmas não é comum de se ver no dia-a-dia. Porém isso se dá por conta do mau cheiro provocado devido a ferimentos graves de alguns pacientes. Alguns com os membros já condenados à amputação, na espera pela vaga para cirurgia. Jorge Solla, secretário de saúde, afirma que a sala de espera se encontra trancada para controlar a entrada de acompanhantes até que a situação seja normalizada. Quem recebeu alta esperava do lado de fora , de pé, pelo transporte.
Manolo Domingues, funcionário da Secretaria de Saúde, assegura que os enfermos estão sendo atendidos dentro do possível e que a prioridade está sendo dada aos casos graves. Uma ambulância chega. As portas se abrem. Um homem chega carregado numa maca com um ferimento grave provocado por um prego que perfurou parte do seu olho. Foi levado às pressas para dentro. Quem já esperava há tempo apenas se pôs a observar a agonia daquele senhor. A demora garante que ele foi atendido e não será mandado embora sem assistência. Esperança para os que anseiam por atendimento.
Robéria Fortes, vinda de Mar Grande, Ilha de Itaparica, magra, vestida numa roupa simples, calçando chinelos. Aparência frágil. Há 18 dias internada com dores. Atravessou a Baía de Todos os Santos em busca de solução para seu sofrimento, confiando na misericórdia da saúde pública. Voltou para casa e uma nova consulta foi marcada para Dezembro.“Se ela ainda estiver viva”. Desola-se a aposentada Miriam Conceição, sua acompanhante. Uma senhora forte, que segura todo o tempo o braço de Robéria de forma caridosa e firme. Dona Miriam suspeita que Roberia sofre de vesícula. Já a enferma mostra que tem a perseverança típica dos mais humildes: “Estarei viva sim”. Responde.

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