sábado, 22 de setembro de 2007

O que será das marias, mauras, e robérias?

Uma imponente construção erguida no vasto terreno do bairro do Cabula, em Salvador, gera indignação, revolta e desespero. Sintomas como dor de cabeça, um possível câncer e pedras na vesícula não são respeitados. Cerca de 150 pessoas com estavam passando por uma triagem rigorosa devido ao aumento no atendimento da emergência do Hospital Roberto Santos. Com capacidade para atender 75 pessoas por dia, na última quinta-feira, 20 de setembro, o hospital abrigava 150. Marias, Mauras e Robérias vão para casa porque não sofreram nenhuma facada ou tiroteio.

Durante 18 dias, Robéria espera por uma cirurgia na vesícula. Com aspecto frágil, e com 15 kg a menos, foi ao Roberto Santos não para perder peso, mas para realizar uma cirurgia de retirada de cálculos na vesícula. Voltava para casa vestindo uma saia preta e uma blusa laranja com listras brancas, e com um casaco jeans aparentemente folgado. Além disso, um pequeno detalhe, imprescindível: todas as suas pedras ainda na vesícula. Se ainda estiver viva, como afirma Miriam Conceição, vizinha da paciente, Robéria volta mais uma vez para estadia no “spa estadual” em dezembro. Até lá, vai conviver com as dores abdominais, que não deve ser muita coisa, afinal, os médicos a deram alta! O otimismo produz a única: ela voltará.

E haja otimismo! Ainda temos as Marias e as Mauras em busca de atendimento. Isso, é claro, se Jorge Solla, secretário da Saúde, explicasse realmente o que estava acontecendo para haver uma triagem tão rigorosa em um hospital público que, mesmo sempre movimentado, atendeu a população do Estado.

Mas aonde tem podridão há um odor bem forte. E é esse odor que denuncia toda a agitação da emergência e explica a utilização de máscaras por funcionários. Pacientes diabéticos, com pernas necrosadas, justificam o mau cheiro na emergência. Faltam cirurgiões para amputar, afirma Maura Barreto, que na espera de atendimento, explica o fedor que exala do local.

Robéria voltou para casa, Maura ainda espera. E as Marias? Maria Oliveira, coitada, só estava com dor de cabeça, também não deve ser nada (?), foi mandada embora. E a outra Maria de Lourdes, 59, nada grave, ela só está com suspeita de câncer (!). Vai vê que é assim mesmo. É mais fácil morrer em casa e não assumir a culpa do que no próprio hospital. Ai já viu, o escândalo seria maior, e o Jorge Solla mais uma vez não saberia explicar.

Um comentário:

Márcia Barreto disse...

Muito bom! Parabéns Aline. Ficou show de bola.
BJS!