segunda-feira, 24 de setembro de 2007

O ataque de “Garga”

Por Márcia Barreto

Um homem negro, 1,90 de altura, magro, olhar perdido. O seu look predileto é bermuda, camisa branca e por cima um saco de lixo plástico preto cortado como se fosse uma camisa. Carregando sempre uma pá ou barra de ferro ou de madeira. Nunca anda de mãos vazia. Como se estivesse sempre preparado para o ataque. Transita livremente pelas ruas sem nenhuma restrição. Gargamel é o nome. Não é do desenho “ Os smurff”, mas é tão temido e odiado quanto ou até mais.

Dia 11 de agosto de 2007, por volta das 15 horas. Lilí, como é conhecida entre parentes e amigos, abria o portão de seu ateliê para que seus clientes fossem embora. Após conduzi-los até o carro e despedir-se dos clientes, avistou de longe Gargamel. “Meu DEUS!!! Tenho que correr. Entrar e fechar logo esse portão que aquele maluco ta vindo ali. Nossa ele está se aproximando cada vez mais. Tenho que correr. Acelerrou os passos mas não deu tempo. Ele esta andando muito rápido. Que medo!!!”.

Enquanto pensava na rapidez que ele se aproximava, andava rápido também com o objetivo de alcançar o portão do atelier e se livrar da possibilidade do ataque. Quando estendeu o braço e colocou a mão na maçaneta do portão para abrir e entrar foi surpreendida com a mão dele no seu cabelo e um puxão que a jogou na rua. Foi quando se deu conta que ele já estava ali. “Meu DEUS e agora!!! Me ajude!!! Esse homem vai me matar!!!Preciso de ajuda!!!Ruan!!! Ruan!!!”.

Lili começou a gritar o marido com pedido de socorro:

- Ruan socorro!!! Ruan!!! Ruan!!! Ruan socorro!!! Ruan!!!

O maluco começou a falar alto:
- Vou te matar! Você destruiu minha casa! O Meridian acabou. Culpa sua!!!

Falava o maluco se referindo ao antigo hotel Meridian(Rio Vermelho) que hoje é Pestana. Segundo informações ele morava em baixo do hotel e quando foi vendido o novo proprietário expulsou todos os moradores daquele local.

Lili ainda muito confusa com toda aquela situação. "Não entendia direito o que estava acontecendo. Sentindo os tapas, os murros que o maluco dava por todo o seu corpo. Em pânico com muito medo de morrer". Continuava gritando. Pedindo ajuda:

- Socorro!!! Alguém me ajude!!! Socorro!!! Socorro!!! Socorro!!! Socorro!!!Socorro!!!...

Enquanto pedia ajuda entrou em luta corporal com o maluco. “Meu DEUS, por que ninguém me ouve!!! “Meu DEUS!!! Esse homem vai me matar. Meu DEUS!!!”
Foi quando Gargamel puxou o óculos de Lili, "tudo escureceu". Não teve tempo de pensar em mais nada. Caiu no chão desmaiando. Permanecendo ali caída no chão com o maluco em cima dela puxando seu cabelo e batendo naquele corpo frágil e desprotegido.

Ao lado estavam seu marido e seu irmão lavando o carro. Quando ouviram os gritos de socorro correram até o local. Ela caída no chão e ele em cima dela batendo com muita força. Foi a cena presenciada por seu marido e seu irmão.

Naquele instante o marido completamente transtornado. Pulou em cima do maluco e começou a bater nele. "A raiva era visível em seu olhar". “Vou matar você!!! Largue minha mulher seu cretino!!!”
Aos gritos começou a chamar o nome da esposa. Na esperança de que ela reagisse.

- LILI,LILI,LILI!!! Meu DEUS!!!

Enquanto batia no maluco ordenava que ele saísse de cima de sua mulher:

- Larga ela seu filho da puta desgraçado!!!”.

O irmão e o marido dela juntos bateram nele. Até que conseguiram tirar ele de cima dela. O maluco saiu correndo em disparada.


Nesse momento várias pessoas correram para o local. Inclusive sua mãe. Que no ato de desespero correu ao encontro do corpo da filha estendido no chão. “Meu DEUS!!! Ajude minha filha”. “Meu DEUS!!! Ajude minha filha”. Sem entender direito o que havia acontecido ali!!! Ajude minha filha”. “Meu DEUS!!! Ajude minha filha”. “Meu DEUS!!! Ajude minha filha”.


O marido e o irmão dela carregaram na e levaram para dentro de casa. Que fica no andar em cima do seu ateliê. Deitaram ela na cama e colocaram para cheirar álcool, alho até que ela acordou:

- O que aconteceu?!?O que aconteceu?!?

Perguntava Lili sem lembrar o que tinha acontecido. "Aos poucos foi lembrando, as imagens vinha feito filme. Em um ato de desabafo começou a chorar". Seu marido abraçou com força e disse:

- Calma meu amor está tudo bem. Vou te levar a um hospital para fazer uns exames e verificar se está tudo bem.

Ela não parava de chorar. Amparada pelo marido seguiram para o hospital.

A mãe, o marido, o irmão e ela entraram no carro e foram para o hospital. Chegando lá ela foi submetida a vários exames. Quando retornaram para casa já era noite. A sensação era de alivio por não ter acontecido nada de mais grave.

Com escoriação pelo corpo, ainda meio confusa tentava organizar seus pensamentos e agradecia a DEUS por ter sobrevivido. “Meu DEUS obrigada!! Aquele maluco quase me matou. Se não fosse meu marido e meu irmão!!! Meu DEUS o que teria sido de mim? Foi o senhor DEUS que os enviou para me salvar !!! Obrigada”. Sempre que pensava no acontecimento lágrimas corriam-lhe o rosto.

Quando chegaram em casa estava a irmã, os três irmãos, o pai, os tios e as tias aguardando seu retorno. Ao entrarem em casa andando todos sentiram um alivio no coração e enchiam eles de perguntas:

- O que foi realmente que aconteceu? Aquele desgraçado fez o que com você? Você esta bem?

Ficou difícil sabe quem perguntava o quê.
Aos poucos foram se acalmando. E Lili explicou tudo com a ajuda do marido, do irmão e da mãe.

Nos dias seguintes Lili não andava sozinha na rua.
Assustada não ficava na porta do próprio ateliê. E quando tinha que sair sozinha, movimentava a cabeça olhando para todos os lados e pensando desesperadamente: - “Meu DEUS tomara que aquele maluco não apareça nunca mais”.

Todos ao encontrá-la na rua perguntavam como tinha acontecido aquilo? Após a narração do fato, as pessoas ficavam estarrecidas.

- Como é que um maluco desses vive solto pelas ruas? A polícia não faz nada? Os dirigentes do Estado e Município não estão preocupados. Isso é um problema de saúde pública e de polícia.

A mulher ainda muito assustada nada respondia.

Depois de um mês já estava mais tranqüila. E ria ao lembrar daquelas horas de horrores.

Os parentes e amigos passam por ela e gritam:

- Cuidado LILI !!! Garga ta vindo ai!!! Cuidado com Garga!!!
Ela ri e repete as frases.

- Cuidado!!! Garga ta vindo!!! A próxima vítima pode ser você!!!

Assim aprende a conviver com o medo. “Meu DEUS, não quero mais cruzar com aquele homem. Me proteja DEUS”.


Desabafo: Gargamel continua solto e impune pelas ruas. Desde criança ouço histórias horríveis a seu respeito. Dizem que matou a própria esposa com uma pá. Detalhe só ataca mulheres. Como ele é muito alto, quase dois metros de altura, e forte causa pânico.
Ontem dia 23 de setembro de 2007, fui na Perini – Pituba com meu namorado, na rua em frente, estava ele gritando por alguém na porta de um edifício como se fosse uma pessoa de bem. A rua estava com pouca iluminação. Ao perceber sua presença senti pânico, raiva, revolta e uma sensação de impotência por ter certeza de que temos de conviver com ele. E se fizermos algo com contra ele, a justiça fica contra nós. Alegando que ele não tem o juízo perfeito. Mas quem tem? A justiça? Que garante a um ser dessa espécie que ameaça, bate e mata as pessoas? Ele terá que fazer mais quantas vitimas para que alguém tome uma posição? Que país é este? Que leis são essas que garantem a esse sujeito a liberdade? Enquanto que para nós fica o medo, pânico. Acho que maluco somo nós? Ele transita livremente pelas ruas. E se nossos caminhos estiverem no mesmo sentido procuro um abrigo por medo dele.
Cadê o meu direito de ir e vir quem vai garantir???

Um comentário:

Claudinha disse...

Parabéns Marcinha, um texto digno de uma futura jornalista.
Adorei e espero não cruzar com esse tal de Garga, fiquei com medo!