domingo, 16 de setembro de 2007

Arte de Moleca

Midiã Santana

Estava eu com minha família em Arembepe, na casa que alugamos esse ano. Era um dia que prometia chuva, meio cinzento, bem sem graça pra falar a verdade. Nessa casa só tinham duas mesas, uma de plástico outra de madeira mogno, com 4 cadeiras cada, 7 colchões, um sofá, uma TV, e um rádio, para vinte pessoas. Em questão de móveis era uma catástrofe, mas na quantidade de espaço era uma maravilha. Havia uma varanda, dois quartos, duas salas, duas redes, uma garagem, uma sinuca, a coisa mais legal na casa, um jardim, e um quintal. Como o dia estava um tédio, resolvi subir na árvore que tinha no quintal.
Minha prima Elis tentou me alertar:
-Midiã, não vá, quando você cair eu vou rir.
-Que nada menina, é rápido. Vou subir aí você tira uma foto para eu botar no meu Orkut, ok?
-Tomara que você caia e se esborrache toda, aí com certeza eu vou tirar a foto.

Nesse momento eu fiquei com raiva de minha prima, pensei comigo, só porque ela é gorda, baixinha e sem condicionamento físico, ta com inveja que vou subir na árvore, e ela não.
Após essa praga de Elis, fui avaliar as condições da árvore, era um pé de não sei o que, a primeira vista inofensiva, era forte, com galhos firmes, folhas bem verdes, porém era meio difícil de subir descalça porque era meio áspera e poderia me machucar. Sem contar que tinham umas formiguinhas passeando por ela, na verdade eram uns insetos que eu acreditava que fossem formigas.
Pronto após tomar coragem fui tentar subir na bendita.
A primeira tentativa foi por água abaixo. O chão era coberto de areia, tinham uns gravetinhos provenientes da árvore, que ficavam machucando meu pé. Sem contar que a árvore enganava, era mais alta que eu pensava, e nem com meus 1,77 cm de altura, e minhas pernas de “flamingo”, eu conseguiria subir.
Minha prima estava sentada na mesa de sinuca, de frente para a árvore, ela não parava de rir, ainda bem que a mesa era de madeira resistente.
Não me dei por vencida. Fui à cozinha e peguei uma cadeira de madeira mogno, ela era bem pesada, mas eu tinha que subir naquela árvore de qualquer forma, não mais pela foto do Orkut, mas por mim.

-Menina, para onde você vai com essa cadeira pesada?
-Minha mãe, as de plástico estão ocupadas, vou pegar essa mesmo. É pra uma coisa que eu estou fazendo. Depois te falo.

Coloquei a cadeira em baixo da árvore, subi nela, e então comecei minha escalada. Coloquei o pé direito, estava difícil, infelizmente usava um macacão jeans que dificultava meus movimentos. Coloquei o pé esquerdo, meus cabelos enrolados e embaraçados estavam me atrapalhando por causa do vento, e eram mais um empecilho para concretizar minha tarefa.
Descobri que não tinha condicionamento físico. Enquanto tentava subir na árvore, ouvia vozes dizendo:
-Vai caiiiiiiiir!
-Olha a chuva menina, desça daí.
-Tomara que escorregue.

“Miseráveis, sacanas”, eu pensava. Nesse momento as vozes dos meus parentes se confundiam, não estava distinguindo mais nenhum som, só queria subir logo, tirar a foto e descer. Mas finalmente após subir na árvore com a ajuda da cadeira, veio outro problema, gotas de chuva começavam a me preocupar. As gotas molhavam as folhas, que molhava a árvore, que me desequilibrava e me deixava vulnerável.

- Tira logo a merda da foto Elis.
- Hahahahahahahahaha
- Cala boca sua infeliz, eu vou cair.
- Ô Midi desculpe, mas você ta uma comédia.
- Que inferno! Ô minha tia, mande sua filha tirar essa foto logo que está chovendo.
-Tô tirando já. Pronto, acabei.

Estava aliviada, agora era hora de descer. Mas onde estava a cadeira?

- Elis sua filha do demo, cadê a cadeira?
Enquanto eu subia na árvore, minha prima tirou a cadeira sem eu perceber.

- Hahahahahahaha
- Elis, eu quero descer, alguma coisa me mordeu e está ardendo. Vamo logo que está vermelho.

As formiguinhas, que não sabia que inseto era haviam me mordido. Meu pulso ficou com uma roda avermelhada, empolada, ardendo e coçando.
Depois de ver minhas lágrimas se misturando as gotas de chuva, e perceber o céu cheio de nuvens negras, Elis me ajudou a descer.
Fui correndo no banheiro lavar meu pulso. Lavei com sabonete, sabão em pó, álcool, e a ardência não parava.

- Isso que dá fazer arte de criança, uma menina de 20 anos na cara, subir em árvore.
- Minha tia fique na sua pra não ouvir o que não quer.
- Midiã respeite sua tia.
- Que arrependimento meu Deus, a foto ficou uma “droga”, me machuquei, e ainda tenho que ouvir reclamação de minha mãe.

A perturbação de Elis foi tamanha que a foto ficou sem foco.

Um comentário:

Anônimo disse...

Miiii!!!!auhauhauhauahauha
o q a gente ñ faz por uma ft no orkut viu!!!hehehehehe
Ta massaaa!!!!
Dei risada como se tivesse lá!!lógico,rindo da sua cara!!hahahahahahahaha