segunda-feira, 10 de setembro de 2007

Mais um dia na rotina

Por Gabriela Marotta

As sete e meia o dia começa, com os olhos ainda inchados, levanto, escovo os dentes e vou fazer café para duas pessoas. Eu e minha filha Alice, que dorme até as nove. Com o café pronto, o banheiro é o próximo passo: hora do banho. Enquanto isso, Alice dorme e eu penso: “criança tem é vida boa, mal sabe ela o que a espera com o tempo.”. Logo em seguida, às 10 e pouca, é hora de me preparar para mais uma manhã de brincadeiras junto com a minha filha. É nesse momento que encontro o senhor diabético, Adilson, já sem as duas pernas em sua cadeira de rodas, o homem que cuida de seu filho sozinho, o Mário (que inclui lavar roupas e fazer almoço. O que, convenhamos, se vê pouco entre homens) e mais um bando de senhores de idade, na maioria aposentados, que passam as manhãs sentados nos banquinhos do playground, conversando e colocando “o papo em dia”.

Eu, na verdade não entendo a rotina deles, botar o papo em dia nada mais é do que falar de suas artrites e artroses, dores lombares etc., ou ficar olhando as mocinhas mais novas que ficam passando por ali. Só o senhor diabético que volta e meia me aparece com alguma novidade, a última foi me convidar para tomar cachaça na casa dele (mesmo sem as duas pernas por causa da doença).

Entre 11 e meia e o meio dia, é a hora em que normalmente eu subo com Alice de volta ao meu apartamento, mas antes disso, já se tornou comum deixar o Adilson no nono andar, pois sozinho ele não consegue entrar nem sair do elevador. Parece até bobo, mas eu gosto de ajudá-lo e sinto que ele gosta que eu o ajude. Ele sempre me cumprimenta apertando e beijando minha mão.

Quatro andares acima, eu chego em meu apartamento e sirvo o almoço. Com a barriga cheia e com o sono típico do “depois do almoço” ainda tenho que me arrumar e deixar Alice na casa da avó, pois nos dias de segunda-feira minhas aulas começam às 13:30. É o dia em que fico na faculdade mais tempo, só saio às 20 horas. Ao final das aulas do dia, ainda tenho que esperar o único ônibus que vai de ondina para brotas e que demora até mais de uma hora para passar. Finalmente de volta a minha casa, só consigo pensar em uma coisa: na minha caminha confortável, onde eu descanso para no dia seguinte começar tudo de novo.

Um comentário:

Alice Coelho disse...

Gostei. Achei que ficou uma leitura "leve". E acho que tem o"molho" que Leandro falou.