sábado, 15 de setembro de 2007

O Processo (não o de Kafka, que fique bem claro)

Pedro Levindo

Acordar, para mim, é sempre algo demorado. Não o acordar em si, que fique bem claro, mas sim o “processo” como um todo. Hoje não foi diferente. Pus o despertador pra tocar três vezes, com cinco minutos de intervalos entre cada vez. Como sempre, acordei pouco antes do primeiro toque, mas esperei na cama durante cerca de dez minutos até ouvi-lo. Pode-se dizer que é um dos grandes luxos que permito de manhã.

O outro luxo é tomar demorados banhos quentes. Tenho até uma consciência ambiental mais avançada (não serei modesto - muito mais avançada) que a maioria das pessoas, principalmente nesta terra (digo Salvador, Bahia, Brasil). Contudo, quando entro no banho esqueço disso e passo horas debaixo da água quente. Isso, porém, não aconteceu hoje. Meu chuveiro elétrico está quebrado. Entrei debaixo do chuveiro rápido, pulei umas 15 vezes – para esquentar o corpo – durante o banho, saí quase tão rápido quanto entrei.

O banho gelado, ao menos, me acorda de pronto. Voltei ao quarto e, como sobrava algum tempo, resolvi reduzir o déficit noticioso-literário e comecei a ler duas das mais de 20 revistas acumuladas em minha mesa de cabeceira. Consegui “matar” uma, que pus na pilha de material já lido (menor do que a ler, um sério problema) e ao menos “esfaquear” a outra, que ainda vive.

Após a sessão de leitura, me dei conta que faltavam apenas 20 minutos para o horário-limite de sair de casa. Levantei da cama e fui para a cozinha. Preparei um copo de Nescau e o tomei. Fiz outro. Decidi então me vestir para apenas depois comer um sanduíche, como de costume. Procurei minha sandália franciscana marrom, mas não achei. Fui até o quarto de meu irmão e perguntei a ele, que me disse que tinha esquecido não sei onde. Resolvi não ficar puto da vida, não a essa hora da manhã. Calcei outro sapato, recolhi meus pertences (carteira, celular, chaves de casa e do carro, quatro ou cindo artigos etc.), esqueci de comer e saí.

O caminho, por ser sábado, estava tranqüilo. Muitas vezes não ouço músico, mas hoje liguei o rádio, ouvi algumas besteiras e desliguei logo em seguida. Pus então um CD de grandes árias. Pensei na perfeição que era aquela música. Depois pensei na porcaria que ouvimos por aqui. Graças a Deus, antes que começasse a depressão completa, cheguei na faculdade. Fui até o prédio da agência, constatei que não era lá a aula, liguei para minha colega Hell Anne e descobri que era aqui. E aqui estou, escrevendo sobre isso.

2 comentários:

Helane Aragão disse...

Posso adotar este como um pseudônimo? hahahah Hell Anne. Faltou o detalhe que vc senta atrás de mim, sempre, para ficar me espetando com a ponta da grafite... hahahaha

Adorei o processo Peu.

Leandro Colling disse...

Bom texto, tranporta o leitor.