quarta-feira, 12 de setembro de 2007

Na mão do palhaço

Driely Lago

Marcamos para nos encontrar às 17h no shopping Barra. Iríamos sair para beber, mas a intenção era beber mesmo, se “encachaçar”, “encarcar o dente”. Nos alimentamos e depois fomos para o ponto esperar o ônibus Lapa. Começamos a beber ali mesmo.

- Vai? Meu amigo Joel nos pergunta tirando uma garrafa de cachaça de Abaira que, segundo nossa amiga Joisa, é a terceira melhor do país.

Pegamos o ônibus já “legais”. Enquanto Joel me perturbava falando do suposto peido que dei no ônibus do Luis Anselmo na volta do cursinho, eu olhava para a pista de skate localizada próxima à Lapa. Via aquelas manobras ridículas, um vai-e-vem de rodinhas sem novidades. Chatice.

Chegamos ao shopping center Lapa. E lá encontramos mais outro membro que iria fazer parte do grupo, Monique. Compramos uma daquelas coisas que parecem um barril de chopp, só que de vidro, comprido e bastante gelado, da onde a gente mesmo tira a cerveja da torneirinha. Bebíamos aquela cerveja ao som de um rapaz que, em pé no pequeno palco localizado no centro da praça de alimentação, tocava um violão. Ele cantava músicas de amor, as únicas que eu não queria ouvir. Joel, com seu estilo mais discreto, levanta as mãos e diz:

- Bora galera, vocês aí de baixo, todo mundo, vai!

Nós, que estávamos super animados por estarmos juntos, por ter uma amiga que tinha vindo do interior por nossa causa e por ter a terceira melhor cachaça do Brasil em mãos, levantamos as mãos junto com Joel e fizemos nossa festa, ali, no meio daquela praça abarrotada de gente.

Quando começamos a achar que o Center Lapa estava pequeno demais para nossa animação, nos mudamos para o bar Universitário, de frente para a ladeira dos barris. O bar estava cheio, uma televisão mostrava um jogo de futebol pelo qual não me interessei porque não vi o C do Corinthians.

Bebemos e, dessa vez, era pra valer. Entre um copo de cerveja e outro, eu, Luis (outro membro da equipe), Joel e Vomitinho (membro principal da equipe nesse dia), entornávamos uma dose de Abaira. Assim foi. Entre uma ida e outro ao banheiro, um sorriso, uma gargalhada, uma palhaçada.

O tempo correu e resolvemos ir embora, senão ficaria muito tarde para irmos embora, afinal iríamos para a casa de Monique, na Federação. Começa aí então nossa jornada. Vomitinho me disse que ia ao banheiro, pois precisava vomitar. Quando voltou, me olhou nos olhos, me abraçou e disse:

- Dri, não tô bem.

Andamos até a Praça da Piedade portando câmeras amadoras por todos os lados. Eu só fazia rir. Com Vomitinho no meu ombro, morria de medo dele cair, afinal, mesmo sendo do meu tamanho, sua barriga pesa bem mais do que a minha. Quando chegamos à praça, uma filmagem reveladora com depoimentos dos presentes:

- Meu amigo Vomitinho está na mão do palhaço, afirma Monique, com um sorriso querendo virar gargalhada nos lábios.

- Meu amigo Vomitinho está na mão do palhaço, afirma Joisa, com um sorriso quase inocente.

- Ele não está na mão do palhaço, ele já está escovando o palhaço, lembra Luis, um dos câmeras.

Depois do arquivo confidencial, pegamos um táxi e fomos para a casa de Monique. O taxista, com medo de ir até a casa dela, nos deixou na entrada da rua. Tive que subir a ladeira levando Vomitinho, pois ele dizia insistentemente:

- Dri, cadê você Dri, me deixa só não Dri...

Depois de uma ladainha que durou o suficiente para me fazer dormir com essa frase na cabeça, chegamos em casa e começamos a pior parte do trabalho: arrumar Vomitinho para dormir.

Enquanto Joel o segurava, eu tirava seus tênis de cor preta e meia soquete. Até que não tinha chulé. Se tivesse, morreria asfixiada só pelo tempo que levei para tirar os dois lados. Tiramos a blusa e Vomitinho diz, quer dizer, balbucia:

- Vocês vão me despir é?

- É Vomitinho - afirmamos em coro.

- Ui!, disse ele, com uma cara mais que safada.

Colocamos sua cabeça embaixo do chuveiro gelado. Joel o segurava e eu dava suporte à cabeça para ele não engolir água, quando Vomitinho grita:

- Tô me afogando!

Explodimos de tanto rir. Então tiramos seu short preto e colocamos uma cueca samba canção azul que Vomitinho tinha deixado na casa de Monique. Vestimos uma blusa. Enxugamos bem o cabelo crespo querendo virar “black power”. Nós o colocamos deitado. Recomeça a ladainha:

- Dri, não vai embora Dri. Não me deixa sozinho Dri.

Cristo! Ele não dorme não, pensei.

Demos água com açúcar, café preto sem açúcar, deram idéia até de chá de boldo, mas Luis aconselhava:

- Dá alguma coisa doce pra ele, e deixa ele quieto.

Caminhada ao ar livre com bêbado, banho coletivo, pois todos tentavam ajudar, ¾ de um balde laranja que Vomitinho via vermelho, um toque de leite condensado, uma xícara de café, água com açúcar, risadas a gosto. Essa foi a receita de um sábado inesquecível. Vomitinho pode não lembrar de nada, a tal amnésia alcoólica, mas nós lembramos de tudo.

4 comentários:

Victor Arcanjo disse...

Nunca pensei que minha história fosse virar notícia de jornalismo... Parabens Dri... Ficou massa... Te amo!

Unknown disse...

Drica,

voc� soube descrever extamente o que aconteceu, nem precisou de fotos ou qualquer outro tipo de imagem para que os seus leitores tivessem no�o de como foi esse nosso final de semana.
"TOTALMENTE IRADOOOO!!!"


Ass: Joisa (J� e Joel (Joca)

Karina Oliveira disse...

Achei o seu texto muito bom.
Pense na pessoa q s pocou de tanto rir.
Parabéns!

Paloma Batista disse...

kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk...
Muito bom o texto Dri... tô rindo até agora.