segunda-feira, 10 de setembro de 2007

Meu dia começou meia-noite


Silmara Miranda

Zero hora do dia 10 de setembro e eu estava a três horas de distância da minha casa. Em Serrinha estava acontecendo uma grande festa que reunia várias bandas de axé e o público estimado era de mais de 20 mil pessoas. Eu não estava no público, bem que queria, mas esse era um dia de trabalho para mim. Estava atrás do palco, fechada em um ônibus já havia duas horas com a banda É o Tchan, com quem trabalho como dançarina. Já desconfiava que teria que esperar um pouco mais para me apresentar. Dito e feito. Duas horas da manhã estava eu lá, sorrindo, mandando beijos, distribuindo e tirando fotos e, é claro, dançando. Tenho que aproveitar meus últimos momentos no grupo, depois de quatro anos vou me despedir. Decisão madura e consciente.

Adoro dançar, mas confesso que nesse dia em específico preferia estar debaixo da minha coberta. A gente não se apresentou em um horário legal, o público já estava cansado da festa que começou às quatro da tarde, já era fim de festa e eu já havia perdido a noite anterior acordada, também dançando em Araras, no interior da Bahia, onde, diga-se de passagem, não existe sinal de nenhum aparelho celular. Como uma pessoa pode viver sem celular hoje? Bom, mas isso foi no sábado.

Terminado o show de Serrinha, mais três horas para chegar a Salvador. Tirei um cochilo e isso só fez aumentar meu cansaço. O ônibus parou no escritório do grupo, que fica no Costa Azul, peguei meu carro na garagem e voltei pra casa morrendo de fome! Ainda bem que fui de carro. Se não tivesse ido teria que esperar a van deixar um por um e chegaria em casa muito tarde. Com a fome que eu estava, acho que não daria certo. Eu fico muito mal humorada quando fico com fome. Não daria certo mesmo.

Na volta com meu carro, até pensei em parar no meio do caminho para comer qualquer coisa bem engordativa, que é a primeira coisa que penso quando fico com tanta fome assim, mas decidi ir direto pra casa. Eu estava toda suada, uma cara horrível, foi melhor mesmo.
Cheguei em casa quase 7h. “Bom dia, tio!”, cumprimentei meu tio, que se preparava para sua caminhada matinal. “Já tá de saída?”, perguntou ele, mesmo sabendo que eu nunca acordo antes de 10h. “Acabei de chegar!”, respondi, devorando um bolo que não sei bem direito do que era, mas estava gostoso. Ou era a fome? Comi mais de um pedaço! Amanhã queimo tudinho na academia.

Pronto, agora é só tomar banho e... sair de novo! Seria a hora de dormir se um caminhoneiro filho da mãe não estivesse batido na lateral do meu carro cinco dias atrás. Eu combinei com o Seu Mário, mecânico da família, de deixar meu carro para consertar às 7h da manhã e, para não interromper meu sono, resolvi deixar o carro lá primeiro e só depois dormir.

Da oficina, peguei um táxi para casa do meu namorado. Vou usar o carro dele enquanto o meu estiver consertando, ele tá viajando. Bom, ainda não falei nele, mas de meia noite até aqui devo ter falado com ele pelo telefone umas 20 vezes!

Chegando na casa dele, quase 8h, eu coloquei o celular no silencioso para nada atrapalhar meu sono e finalmente dormi! Era meio dia quando ouvi o interfone tocando! Eu nem atendi! Olhei para o celular e vi todas as tentativas frustradas dele querendo falar comigo desde as 10h! Ele tava preocupado com o sumiço, tadinho! Depois de falar com ele, peguei o carro emprestado e fui almoçar na casa da minha tia, já era duas horas da tarde. Meu corpo tava todo dolorido! Eu tinha ido pra academia no domingo, isso ajudou também, além dos dois shows. Hoje me dei folga da malhação.

Terminado o almoço, conversei com minha tia, fiz umas ligações e fui para o computador responder e-mail, vê se chegou aquele outro, responder a galera que deixa recado no site e fazer uns deveres da faculdade.

Já eram quase seis horas da tarde quando comecei a me arrumar para faculdade que é do lado da minha casa, ainda bem, isso economiza tempo e paciência. Queria chegar um pouco mais cedo e deixar o carro no estacionamento, um lugar seguro para guardar o carro que não é meu. Por que será que com carro dos outros a gente tem mais cuidado? O meu sempre fica na rua, perto de onde vou, para andar menos. Dessa vez andei um pouco pra chegar no lugar da minha aula da facul, mas o dele tá guardadinho lá! Ah! Do almoço até aqui já falei com ele mais umas 20 vezes...

Um comentário:

Helane Aragão disse...

E Deus nos deu os ouvidos. Acho que ele não imaginou o quanto você e o "tio", seu namorado, os usariam.

Gostei do Texto. Dia de estrela é dia de estrela!