segunda-feira, 10 de setembro de 2007

Minha longa e cansativa jornada

Por Fernanda Borges

Às 7h acordo para mais um longo dia de trabalho e estudo. Tomo banho e, como de costume, me arrumo rápido para ir trabalhar. Saio de casa às 7h30 e, por morar perto da empresa, chego às 8h em ponto, no meu horário. No ônibus já vou me preparando psicologicamente para atender não sei quantos clientes irritadissímos querendo cancelar os seus cartões de crédito. Ah, já ia esquecendo, eu trabalho numa empresa prestadora de serviços de cartões de crédito. São seis horas do meu dia gastas nesse emprego de telemarketing.

Na primeira hora estou ainda de bom humor e consigo reverter grande parte dos casos de cancelamento. No geral, eles só queriam cancelar porque estavam com a taxa de anuidade do cartão muito alta. Posso resolver isso fácil, fácil. Nada que um belo desconto não consiga resolver.

Na segunda hora tenho 10 preciosos minutinhos de descanso. Dá tempo de ir ao banheiro e tomar um Danoninho. Em seguida, lá volto eu pra atender uma enorme demanda de ligações. Nada de muito diferente da primeira hora. E eu continuo mantendo a paciência.

A partir da terceira hora, que já seria 11h, eu e meus colegas de trabalho pedimos um momento maior aos nossos clientes e cantamos um poquinho para descontrair. Logo em seguida tenho mais um intervalo, agora de 20 minutos, que retiro para almoçar a bela comidinha preparada por minha mãezinha.

Depois do almoço eu fico com um sono terrível e aí vem junto a falta de paciência. Coitados dos meus clientes a partir daí. Uma simples pergunta, que antes eu responderia sorrindo, agora eu mal digo sim ou não. A minha supervisora, quando percebe, sempre fala “calma Nandinha”.

Vem se aproximando a hora de ir embora e, como diz uma amiga minha, “nada te segura hein Nanda?!”. É isso mesmo, quando dá 14h20 minha alma se renova e deixo pra traz todo o estresse daquela manhã. Exceto as boas risadas que dei com meus colegas, minha única diversão naquele lugar. Prefiro apagar tudo da memória e seguir ao encontro de minha mãe.

Tinha combinado com ela de encontrá-la no cabeleleiro, afinal, ninguém é de ferro e os meus cabelos já estavam pedindo socorro.

Saio do trabalhao correndo pra não chegar muito atrasada e, logo que chego no ponto, o ônibus estava ali paradinho, parecia estar me esperando. Entro e só encontro lugar vazio no fundo. Então, passo com certo receio porque minha mãe sempre me disse para não sentar em fundo de ônibus, mas ir em pé depois de uma manhã estressante no trabalho, ninguém merece. Lá se vai o dia e chego aproximadamente 16h no salão.

Minha mãe, agoniada como sempre, me ligava desde quando estava no ônibus. Quando cheguei, ela já havia terminado de ajeitar o cabelo. Agora era a hora mais esperada do meu dia, conseguiria domar minhas madeixas. Dei um relaxamento nele e fiquei mais tranquila, esse cabelo me tira do sério. Terminada a seção de beleza, meu pai passaria para nos buscar no salão e viria me trazer na faculdade. Eis que pego um grande engarrafamento e acabo por chegar atrasada na aula que o professor pediria pra eu contar como tinha sido meu dia. Será que tá bom?

3 comentários:

Alice Coelho disse...

Fernanda, adorei teu texto. Carregado de bom humor sem deixar a narração de lado.

Leandro Colling disse...

bom texto sim

Márcia Barreto disse...

Muito bom Nanda!
parabéns!
BJS!