segunda-feira, 17 de setembro de 2007

Eita show esperado

Fernanda Borges

Sábado com mais um daqueles shows anunciados meses antes. Uma mistura terrível de forró, pagode e axé pela qual Luíza aguardava ansiosa. Na frente do shopping Iguatemi, estava ela pontualmente às 20h. Tinha marcado com algumas amigas de saírem juntas de lá em direção ao show. Horário marcado e nada dessas meninas aparecerem, ai meu Deus, será que já foram embora? Não, não é possível, eu cheguei na hora! Ah, vou ligar pra Ana e saber onde ela está.

- Amigaaa, cadê você? Já estou aqui na frente e ninguém apareceu ainda.

- Calma criatura, já estou chegando. Espere aí que as meninas também já devem estar a caminho.

Essa calma toda de suas amigas tiram Luiza do sério. Toda vez que marcam algo ela sempre chega antes. E acaba sempre por esperar. Que nada viu, ninguém merece essas meninas. Sempre me deixam mofando. Da próxima vez já sei. Vou chegar uma hora depois, só pra descontar. Minutos passam e chega uma das amigas que aguardaria mais alguns minutos pelo restante do grupo. E, se não bastasse, a van que levaria elas ao show atrasou também. A motorista não atendia ao telefone. Nenhuma satisfação e a ansiedade tomava conta de Luiza.

- Nossa, que irresponsabilidade dessa mulher, nós marcamos com ela e nada dela chegar. Acho melhor a gente pegar um táxi.

- Oxe, você tá maluca é Luiza? Vamos gastar muito mais com o táxi, ai vou ficar sem dinheiro e minhas roskas no show? Ficam como hein?

- Aff, melhor ficar sem as roskas do que perder o show. Fora que quero dançar muuuuitoo. Temos que chegar logo pra eu garantir meu par. Então, liga de novo pra essa mulher aí vai. Já perdemos umas duas bandas, que saco!

Luiza é assim mesmo, sempre muito agoniada com tudo, odeia esperar. E, enfim, conseguem falar com a tal mulher da van. Numa enrolada só, ela diz que outra pessoa irá buscar as meninas na frente do shopping. Seria numa sprinter branca com o nome “reportagem” escrito ao lado. Ai que chique, uma van com o nome reportagem, aí é que vamos chegar já abalando. Vou me sentir a estrela descendo do carro. Quero mais é fazer sucesso nesse show, hoje ninguém me segura. Essa Luiza realmente não tem quem segure.

Será que já chegou muita gente? Ah, tem que sobrar um gatinho pra mim, se não vou me retar. Tanta produção pra nada. Se bem que show de forró geralmente dá muito casal. Ah, mais não quero nem saber, vai ter que sobrar pelo menos um pra mim. Oxe, que nada viu?!! Não que eu esteja indo pra lá só pra isso. Mas também ir pra um show de forró, sem par e não arranjar um por lá, eu num mereço né? Ahh, deixa quieto. Vou me antecipar não. Deixa chegar pra ver o que é que acontece.

Eis que chega a tal van e as meninas seguem rumo ao local da festa. Animadíssimas, cantavam e dançavam dentro do automóvel preparando-se pro tal evento. Poxa, engarrafamento, era só o que faltava, é hoje que não chego nesse show. Tudo contribui pra dar errado, tô pra ver viu?! Ah, que ótimo, pensei que fosse demorar, mas já estamos chegando. Aff, quanta gente, tá bombando, hoje eu vou me acabar e só volto no lixo.

Depois de uma longa espera, Luiza consegue chegar ao seu tão esperado show. Enfim, chegamos. Nossa, já vi que vou me dar de bem hoje aqui. Quanto gato. Vixe, mas também tem muito guri, ih. Ah nem ligo. Também o importante é que estou com minha galera e vou dançar mesmo que sozinha até o amanhecer. Encosta n’eu, dá um cheiro n’eu, seu corpo no meu corpo deixa doido eu...Eita bagaceira.

As meninas conseguem então curtir o show. E Luiza? Ah, ela daria algumas “encostadas”.

3 comentários:

Fernanda Borges disse...

Leandro tentei mas essa questao do fluxo de consciencia nao ficou muito clara pra mim.Senti certa dificuldade.Da uma olhadinha e me diz como devo melhorar isso ai.obrigada.

Leandro Colling disse...

Tem fluxo sim, está bem legal, é isso mesmo. Agora é só aprimorar.

Leandro Colling disse...

ah, só acho que o final foi direto, seco demais. e ah, tem excesso de ahs, hehe