sexta-feira, 14 de setembro de 2007

Show de Pitty

Thaís Bittencourt

O tempo custava a passar, quando o que mais queria é que o dia D chegasse, o dia tão esperado e planejado, o show de Pitty, na Concha Acústica do Teatro Castro Alves. Pra quem deve estar se perguntando o porquê de tão planejado, eis a resposta: eu ficava imaginando a roupa que usaria, algo bem dark, toda roqueira de ser e que iria me acabar cantando, ops, gritando as músicas e pulando muito. Enquanto o grande dia não chegava, ouvia as músicas incansavelmente pra memorizar as letras e cantá-las sem errar. Colocava o CD no som, aumentava o volume e soltava a voz, afinal, sozinha em casa, quem é que vai reclamar da voz desafinada?

O dia chegou, era um domingo, e o show era às cinco da tarde. Pela manhã, liguei pra Vini, um amigo do colégio, pra confirmar a ida e o horário. Queríamos chegar o quanto antes e pegar o melhor lugar. Quando comecei a me arrumar, minha mãe começou a dar palpites de como eu ir vestida.

- Use essa calça, fica melhor – palpitou.

- Tá bom! – respondi.

Quando ia calçar o tênis, ela de novo deu palpite.

- Vá de salto! - disse ela, meio insistente.

- Minha mãe, tô indo pro show de rock, salto não combina - retruquei, já chateada.

Depois de ter resolvido o impasse, era hora de ir pro local do show. Quando já estávamos quase em frente à Concha Acústica, vi várias meninas de tênis All star e, na mesma hora, virei pra minha mãe e disse:

- Tá vendo, olha aquelas meninas lá, tão de All star, depois fica reclamando.

Despedi-me dela e caminhei em direção ao pátio da Concha. Os camelôs estavam postados na frente, com a expectativa de vender bastante. No local já tinha gente à espera. Todos entretidos em conversas pra ocupar o tempo e este passar rápido, menos eu. Logo que entrei, meus olhos começaram a agir, olhava pra um lado, depois pro outro, e nada de ver meu amigo. Na ansiedade, já estava chateada. Pra mim, ele estava demorando muito e o pouco tempo que fiquei esperando pareceu uma eternidade.

Minha fisionomia de irritada mudou quando vi um moreno alto, com blusa preta e calça jeans vindo em minha direção. Vini veio todo alegre e sorridente.

- Thaisss!!!

- E aí Vini, vamos entrar logo? – perguntei animada.

-Bora!

Sentados na arquibancada, ficamos esperando um pouco mais pelo início do show. Antes de Pitty tocar, algumas bandas iriam se apresentar. Entre o intervalo de uma banda e outra, uma menina, que estava do nosso lado, começou a bater um papo com Vini. Ela tava de passagem por Salvador e foi sozinha para o show. Em um momento ela foi comprar bebida. Quando voltou, estava com um baseado na mão e conversava com outras pessoas. Vini na, mesma hora, olhou pra mim e comentou, surpreso:

- Porra, ela tinha uma cara de inocente!

- Aparências enganam - falei dando risada.

Ela viu que não curtimos baseado e partiu pra outra.

O momento de Pitty entrar no palco chegou. Fiquei super contente. A platéia toda tava agitada. Da primeira até a ultima música me esganei de tanto cantar gritando, como se quisesse que ela me escutasse. O cheiro de maconha estava mais forte quando o show principal começou. Em frente ao palco algumas pessoas ficaram na brincadeira de empurrar e jogar pro alto o outro. Quando o show terminou, cheguei em casa satisfeita e escutando um zunido no ouvido que só passou horas depois.

Um comentário:

Leandro Colling disse...

Falta descrição mais detalhada e um final.